17 de dez. de 2015

Desemprego cai e varejo se recupera em novembro

Da Fundação Perseu Abramo
Os dados sobre o desemprego e o comércio varejista para o mês de novembro vieram positivos, surpreendendo alguns analistas. A taxa de desemprego medida pelo IBGE apresentou redução de 7,9% da População Economicamente Ativa (PEA) em outubro para 7,5% em novembro. Esse resultado ocorreu devido à estabilização no tamanho da população desocupada (1,8 milhão de pessoas) em relação ao mês anterior. As comparações com o mesmo mês de 2014, no entanto, permanecem bastante negativas, com queda no nível de ocupação (-3,7%), aumento no número de desocupados (53,8%) e piora do nível de desocupação (de 4,8% para os atuais 7,5%). Apesar da queda da desocupação, o rendimento médio real habitual apresentou queda de 1,3% na comparação mensal e 8,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já o comércio varejista apresentou reação no mês de novembro, com crescimento de 0,6% no varejo restrito, em grande medida puxado pela alta da venda de alimentos em supermercados. Apesar da melhora pontual, o comércio varejista apresenta queda de 3,6% no ano e 5,6% na comparação com o mesmo período de 2014.

Comentário: A melhoria de alguns índices inflacionários, de emprego e setoriais em novembro não deve ser olhada como a reversão de uma tendência recessiva, mas certamente representa um alento para o governo em um momento político delicado. A melhoria na inflação deve prosseguir no primeiro trimestre de 2016, com a substituição no acumulado de doze meses do período inicial de 2015 pelo período inicial de 2016, que terá inflação mais baixa. Apesar disso, a indexação certamente jogará um papel importante e a queda da inflação não deve ser tão imediata, fazendo com que as expectativas inflacionárias para o próximo ano permaneçam acima do teto da meta. Já no campo do emprego e da atividade, nada leva a crer que haverá uma mudança na direção da recessão nos próximos meses, sendo possível apenas um alívio temporário em função das festas de fim de ano. O problema real será reverter a tendência recessiva em 2016, uma vez que o ano já terá início com elevada taxa de desemprego e queda da renda. Para reverter este cenário, o governo precisa primeiro superar a tentativa de impeachment, normalizando a situação política e, se valendo deste novo momento, propor uma nova estratégia de crescimento para a economia brasileira. Superar o impeachment e o debate vencido sobre ajuste recessivo (que já cumpriu sua função) é a chave para o país voltar a crescer em 2016.

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