Foto Joaquim Dantas |
Em entrevista ao Brasil 247, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que a crise política no país é grave é que o momento é de unir “todas as forças comprometidas com a democracia” para “evitar confrontos que descambem em violência no dia 13” e promover um diálogo nacional.
Do Portal Vermelho, com informações do Brasil 247
O governador, que tem um dos maiores índices de aprovação, com quase 70%, afirma ainda que há espaço para que as forças políticas que construíram a democracia no Brasil encontrem saídas para conter a escalada do ódio, da intolerância e do fascismo. “Caberá à presidenta Dilma, após o dia 13, convocar esse diálogo, e a oposição terá que reconhecer que o calendário eleitoral é 2018, e não agora.” Segundo ele, o impeachment é a pior das alternativas, porque abriria um longo ciclo de vingança e violência política no país, com prejuízos seríssimos para a economia.
Dino classificou como “assustador” o clima de intolerância e ódio disseminado pela oposição. “A tradição brasileira sempre foi a capacidade de resolver conflitos por meio do diálogo e da conciliação. Esse novo traço do brasileiro tem um traço muito preocupante, que é a falta de razoabilidade. O ódio que já havia nas redes sociais transbordou para as ruas e o nome disso é fascismo. Tiraram o gênio do fascismo da garrafa e agora não sabem como colocá-lo de volta”, enfatizou.
Para o governador maranhense, “causa muita estranheza que partidos que participaram da luta democrática, como é o caso do PSDB, contribuam para esse caldo de cultura”.
“O Brasil tem hoje uma classe dominante subversiva, que decidiu atear fogo às próprias vestes. Quando digo classe dominante, eu me refiro aos grupos dominantes de mídia. Parafraseando Marx, que dizia que o partido seria a vanguarda da classe operária, os grupos de comunicação são a vanguarda da classe dominante, daquele 1% que controla a riqueza do país. E estes grupos decidiram jogar o Brasil numa conflagração que vai contra seus próprios interesses”, destacou.
Manobras da oposição
Sobre as manobras da oposição em busca do golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, Flávio Dino afirmou que “essa é a pior de todas as soluções possíveis”.
“O impeachment, longe de estancar o processo de conflagração social, agudizaria a situação. É preciso ser dito com clareza: o impeachment não seria um ponto final, mas o marco zero de um longo ciclo de vinganças, retaliações e violência política, que arrastaria a economia para uma depressão ainda maior. Isso não é bom para ninguém, nem para os interesses de classe da elite dominante, que hoje está fomentando a desorganização completa de tudo. Quem ganha com isso? Você vai para imprevisibilidade. E o discurso econômico dominante prega que a previsibilidade é essencial para a retomada do crescimento”, defendeu.
Lava Jato
Flávio Dino, que foi juiz federal em seu estado, disse também que a Lava Jato “corresponde ao ápice da chamada judicialização da política, um fenômeno que vem desde o mensalão” e, por isso, “se tornou um ator que ganhou estatura e hoje tumultua o jogo político-institucional”.
Ele afirma ainda que o erro cometido pelo governo federal foi acreditar que a política estabilizaria a economia. “Todos os movimentos de reforma ministerial, por exemplo, foram nessa direção de ampliar a base de sustentação no Congresso. No entanto, sempre que se atinge uma certa paz, vem a Lava Jato e tumultua novamente o processo. Portanto, a lógica deve ser invertida. É a economia que deve estabilizar a política para que a presidenta Dilma Rousseff reconquiste a credibilidade e volte a ser condutora do processo político”, salientou.
O governador do Maranhão considera que ampliar o crédito imobiliário pela Caixa Econômica Federal foi “um passo ainda muito pequeno e não inserido numa política ampla de retomada do crescimento”.
“Hoje, a presidenta Dilma precisa de uma política econômica mais corajosa e mais ousada. É o que eu faria se estivesse no lugar dela”, frisou.
Lula
Sobre a condução coercitiva imposta contra o ex-presidente Lula, Dino salientou que todas as medidas coercitivas ou mesmo as prisões processuais classicamente devem obedecer ao princípio da proporcionalidade.
“Não se pode fazer o uso imoderado da força. Isso vale tanto para o guarda da esquina como para qualquer juiz. O ex-presidente Lula foi intimado várias vezes. Em todas elas, compareceu ou respondeu por escrito – o que é um direito seu. Portanto, não entendi a adequação e a necessidade da medida adotada pelo juiz Moro”, disse.
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