7 de mar. de 2016

O Jogo de xadrez da política brasileira

Por Prof. Railton Nascimento Souza

Uma aberração pregada pela canalha global, a intervenção militar. Fiquei tão chocado com o abaurdo de ver o Merval defendendo o uso da força por parte das forças armadas, no jornal O Globo, que fui levado a escrever a seguinte reflexão.

Eu jamais imaginei que minha geração veria uma aberração e canalhice de tamanha monta: abutres da mídia global insuflando a sociedade ao golpismo e pedindo a intervenção militar. É isso que está em jogo: a democracia. E é isso que os inocentes úteis não percebem ao apoiarem atos arbitrários como a 'condução coercitiva' do maior líder popular da América Latina nas ultimas décadas e o impeachment da presidente, mesmo sem fundamento jurídico. 

O que está em jogo não é a luta contra a corrupção. Quiça fosse. Já vimos essa história antes repetidas vezes. Mas os partidos e líderes que estão à frente desse golpe orquestrado desde a derrota de Aécio nas urnas no final do primeiro mandato de Dilma são absolutamente corruptos (Aécio, FCH, Serra, Cunha, Temer, Renan...). O que está em jogo é uma cínica luta pelo poder que está afundando cada vez mais o país num vale tudo, num caos não só político mas econômico.  

Eles estão arruinando o país para depois criarem a farsa da salvação e colocarem-se eles mesmos ou militares como a solução do problema que criaram.

Estamos no meio de um xadrez. O rei e a rainha de um lado do tabuleiro estão sob ataque e os do outro lado, blindados. As possibilidades e tentativas de xeques são várias. Moro e a globo são torres que desequilibram o jogo. O mercado com seus bancos, bolsas e mecanismos de controle, agências de avaliação de riscos são bravos cavalos. A parte da classe média, populares ofuscados pela mídia, indignados com a corrupção que pensam que um partido é seu único responsável, inocentes úteis inflados, alguns neofascistas cooptados por Bolsonaros, são parte significativa dos peões. As igrejas, em geral, não estão tomando inflamadas posições como ocorreu em 1964 com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade (sob a liderança de setores da Igreja Católica). Os bispos desse xadrez fazem suas jogadas mas com muita cautela. Temos bispos dos dois lados do tabuleiro. Não considero Malafaias bispos. São peões que lideram outros peões. 

Apesar de tantas investidas e xeques, a rainha (Dilma) e o rei (Lula) não receberam xeque mate. Mas é isso que pretendem. A Lava Jato existe para isso. Tudo e todos que são descobertos em atos de corrupção são irrelevantes.  São úteis apenas em suas delações para que sejam encontradas ou forjadas provas com Dilma e Lula. É uma obsessão. O Rei do outro lado (FHC e os cardeias do PSDB) com sua rainha, líderes do PMDB e do capital, são protegidos pelas torres( mídia e parte do judiciário com seu braço armado, a PF) e partem sempre pro ataque. As torres do lado de Lula são a mídia alternativa(blogues, ativistas, jornalistas progressistas, juristas). Os cavalos são as centrais sindicais, lideranças dos movimentos sindicais. Os peões são trabalhadores que compreendem que o que está e jogo é a disputa de modelos de estado e de governo. Os peões não querem mais aquele modelo de esmagamento da classe trabalhada com achatamento de salários e perda de direitos sociais conquistados. São homens e mulheres que não aceitam o golpe e a queba da ordem democrática. 

Mas muitos ainda estão em cima do muro. A hora é grave. Ou o povo diz não ao arbítrio, ao autoritarismo, ao golpismo,  e exige que a governabilidade seja restabelecida, ou entraremos de novo em nossa história republicana de frágeis períodos de estabilidade democrática, numa noite obscura e tenebrosa que pode durar décadas, levando a todos a um retrocesso sem precedentes...

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