30 de dez. de 2016

Servidores usam ventilador para secar roupas no hospital de Taguatinga

Sem óleo para esquentar caldeira, que está parada, funcionários improvisam na lavandeira da unidade, que se transformou em um enorme varal
Às vésperas da virada do ano, mais uma mostra da precariedade da rede pública de saúde do Distrito Federal. No Hospital Regional de Taguatinga (HRT), os servidores estão improvisando para secar as roupas usadas na unidade. Sem óleo para esquentar a caldeira, que está parada, a lavandeira da unidade se transformou em um enorme varal. E até um pequeno ventilador é usado pelos funcionários. O problema é o risco de contaminação para pacientes e os profissionais que trabalham no local.

O Metrópoles teve acesso a um vídeo feito por um dos servidores. Durante a filmagem, o funcionário fala sobre os motivos de um varal ter sido erguido dentro da unidade. “Olhe bem a criatividade do nosso povo. É assim que seca roupa quando falta óleo. Olha só que coisa interessante. Olha, cadê o gás? Cadê o óleo da caldeira? A roupa está toda espalhada para secar. Senão não tem roupa no hospital, pessoal. Aí não é mole, não!”, diz.




Utilizar um simples ventilador para ajudar na secagem das roupas de cama e outras peças que já foram usadas por pacientes contaminados por doenças de fácil transmissão é um risco grave à saúde. O alerta é do enfermeiro Márcio da Mata, que já ocupou a gerência de Hotelaria da Secretaria de Saúde. “O processo de lavagem e secagem das roupas usadas em hospitais é diferenciado, especial. Não funciona como fazemos em nossa casa”, explicou.

Segundo ele, as roupas usadas nas camas dos hospitais precisam ser secadas em uma máquina chamada calandra. “Ela funciona como uma espécie de estufa, que expõe as roupas ao vapor e a altas temperaturas. Essas roupas precisam ser esterilizadas”, explicou.

Dívida milionária
Além do problema na caldeira do HRT, a Secretaria de Saúde precisa lidar com outro imbróglio.  A empresa que presta serviços de lavanderia a quatro unidades de saúde do DF suspendeu o trabalho no último dia 22. Caso a atividade não seja retomada rapidamente, pacientes, médicos e demais servidores dos hospitais de Base e regionais de Sobradinho, Gama e Santa Maria ficarão sem jalecos, pijamas cirúrgicos e roupas de cama limpas. O motivo alegado pela terceirizada é a falta de pagamento por parte do GDF.

O problema é grave. Pessoas com a saúde mais debilitada, como recém-nascidos, idosos e quem passou por cirurgias podem ter o quadro clínico agravado, pois ficarão mais suscetíveis à contaminação.

O outro lado
Em nota, a Secretaria de Saúde confirmou que a caldeira do HRT está parada por falta de óleo. Mas garantiu que as roupas são lavadas na unidade de saúde e estão sendo enviadas para o Hospital Regional de Samambaia (HRSAM) para secagem.

“Quanto às imagens registradas em vídeo, a direção administrativa esclarece que todas as roupas lavadas no HRT, inclusive estas mostradas nesse vídeo, estão sendo enviadas para secagem no HRSAM”, informa a nota. Por fim, a Secretaria de Saúde garantiu já ter providenciado o fornecimento de óleo para a caldeira da unidade de saúde de Taguatinga.

A situação precária do HRT não é isolada. Nos últimos meses, o Metrópoles denunciou uma série de problemas na rede pública de saúde, como filas na madrugada para conseguir remédios de alto custo; cadáveres e alimentação de doentes sendo transportados no mesmo elevador no Hospital Regional da Asa Norte (Hran); necessidade de mutilar pacientes para que fosse possível fazer cirurgias com o material adequado; falta de água quente para o banho; e até cheiro de corpos se espalhando no ar devido à falta de refrigeração das câmaras mortuárias também no Hran.

do Portal Metrópoles

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