29 de jan. de 2017

Jovem vende biscoito no semáforo para pagar dívida na faculdade

Guilherme Mascarenhas precisa do dinheiro para quitar as mensalidades atrasadas e poder fazer a matrícula de 2017
Quantas vezes, ao parar o carro no sinal vermelho, chegou alguém tentando vender alguma coisa e você nem sequer olhou? Mas quem espera o semáforo ficar verde na Avenida Araucárias, em Águas Claras, próximo à Estação Concessionárias do Metrô, se surpreenderá se der um pouquinho de atenção a dois jovens que estão vendendo biscoitos de polvilho.

“Olá, meu nome é Guilherme e estou vendendo esses biscoitos para pagar a minha dívida na faculdade e poder fazer a matrícula deste ano. Você pode me ajudar?”, explica Guilherme Mascarenhas Souza, 19 anos (foto em destaque). Independentemente de vender ou não, o rapaz sempre agradece: “Deus o abençoe”.

Há uma semana, das 7h30 às 11h30, Guilherme Souza bate ponto no local. Um pacote sai por R$ 3, e dois por R$ 5. De real em real, o jovem espera juntar R$ 2 mil. O valor é para quitar a dívida do semestre passado com a Faculdade Projeção, de Ceilândia.

Na empreitada, Guilherme conta com Gui Santana, 21 anos, que decidiu ajudar o amigo. “Eu percebi que ele estava nervoso e triste com essa história toda, e como estou com o tempo livre, pois só trabalho à noite, resolvi ajudar. As pessoas reclamam que o momento é difícil, mas quem não tem medo de trabalho sempre dá um jeito”, declarou Gui.

Guilherme cursa Gestão Pública na instituição de ensino e, como não conseguiu pagar as últimas mensalidades de 2016, não pôde fazer a matrícula para o primeiro semestre de 2017. Por isso, tenta, com a venda dos biscoitos, juntar dinheiro suficiente até 13 de fevereiro, data de início das aulas.

O jovem conta que leu uma reportagem de um vendedor de balas que usava do bom humor para ganhar mais com as vendas em um semáforo. Então, com a ajuda de um amigo, resolveu fazer uma placa e explicar para as pessoas o motivo de estar comercializando os biscoitos nas ruas de Águas Claras.

Segundo Guilherme, o esforço tem dado resultado. “Já juntei uns R$ 400, mas tenho essas outras duas semanas para chegar aos R$ 2 mil. Estou otimista. Tem muito mais gente que quer ajudar do que ignora. Tem até umas pessoas que não pegam o biscoito e doam algum dinheiro só para dar uma força. Um homem disse que vai encontrar um emprego melhor para a gente poder bancar os estudos”, comemora.

Mãe desempregada e trabalho na pizzaria
Atualmente, Guilherme trabalha como pizzaiolo em um restaurante de Taguatinga, das 16h até a 1h. O salário que ganha, pouco mais de R$ 1 mil, era suficiente para pagar a mensalidade quando iniciou os estudos na universidade. No entanto, quando a mãe ficou desempregada e ele precisou bancar todas as despesas da casa, na metade de 2016, não foi possível seguir com os pagamentos em dia, contraindo a dívida.

Os motoristas que ouvem a história do rapaz (ou veem o cartaz pendurado no peito), elogiam a iniciativa. “Acho que tudo é válido quando é em prol da educação”, comentou a servidora Carla Ramos, 38, quando tirou R$ 5 da carteira para comprar dois pacotes de biscoito de polvilho. “Ajudo porque eles estão aí trabalhando, lutando. Todo mundo tem de colaborar mesmo”, afirmou o militar aposentado Carlos Reis, 65.

Enquanto tenta juntar o dinheiro, Guilherme, que é filho único e mora com a mãe e a avó em Samambaia, projeta um futuro melhor. “Eu estou procurando um emprego melhor. Quem sabe algo na minha área. No fim do ano, espero me formar e, assim, começar a dar uma vida melhor para a minha mãe e minha avó, que gasta quase toda a aposentadoria que ganha só com os remédios e o plano de saúde”, declarou.

do Portal Metrópoles

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