2 de out. de 2017

OS TIROS EM LAS VEGAS ESTÃO PRESTES A ACONTECER NO BRASIL

Não acreditas? Pois bem, então analisa.

por Sônia Corrêa  no seu perfil do Facebook

A atual fase da sociedade brasileira é a de promover o regime de engorde ao ódio. Mas, não se trata de qualquer ódio. Se trata de alimentar o ódio do obscurantismo.

Eu vi. Ninguém me contou. Há, mais ou menos, dois anos e meio atrás, um homem sendo linchado no Bairro da Saúde (praticamente no centro), em Salvador. Enquanto eu assistia, da janela de casa, aquela cena de barbárie, chocada e aterrorizada, outras pessoas, que assim como eu sequer sabiam o motivo de tamanha selvageria, das suas janelas aplaudiam e gritavam palavras de incentivo.

Todos os dias, aqui no Brasil, homossexuais são assassinados violentamente pelo fato de amarem pessoas do mesmo sexo que elas. Sim. Pessoas são odiadas e mortas por amar.

A televisão brasileira, desde que eu me conheço por gente, promove a erotização em sua programação infantil. Quem não lembra da Xuxa, da Mara Maravilha, da Angélica seminuas animando o auditório com a criançada ali e outras milhões assistindo pela telinha?

Mas, as pessoas estão preocupadas com uma performance teatral, onde uma mãe levou uma menina. Diga-se de passagem, se fosse um pai com um menino, não haveria problema pois tratava-se de coisas que macho pode ver, fazer, etc.

Todos os dias milhares de crianças (meninas e meninos) são abusadas sexualmente, violentadas, estupradas por pais, tios, irmãos, vizinhos. Há cada 11 minutos uma mulher é vítima de estupro, 13 mulheres são assassinadas por dia. Tudo isso não choca. Tornou-se banal.

O Brasil mata mais jovens negros, pobres e periféricos que qualquer guerra do mundo que se tenha história. A violência é normal.

O Governo corta programas sociais e com isso promove a violência institucional. Milhares estão morrendo na fila dos hospitais, de fome, de ignorância. Doenças que há anos haviam sido erradicadas, estão voltando, graças a violência institucional. Tudo está dentro da normalidade.

Ninguém se move, ninguém se revolta, ninguém se choca, ninguém (sequer) bate uma panelinha. Muitos, ao contrário, defendem mais violência ainda, quando propõem a ditadura.

Os programas televisivos dessa turma que incentiva a morte e a violência, como os Datena da vida e o Marcelo Rezende, recentemente morto, ajudam as pessoas a desenvolverem o sentimento do olho por olho, dente por dente, e a banalização da vida humana. São os incentivadores da violência.

Algumas igrejas, com seu fundamentalismo, dizem que falam em nome de Deus, no entanto, falam duas vezes a palavra “diabo”, em cada três que pronunciam. Realizam motins de quebra-quebra contra os templos de outras religiões. Recentemente, um religioso foi assassinado no Rio de Janeiro, porque recusou-se a fechar sua casa de fé. Esta semana, o busto ao médium Chico Xavier foi depredado.

Tudo isso “em nome de Deus”, contra aqueles que não professam a mesma crença religiosa. E tudo é aceito com normalidade.

Portanto, se no próximo show da Ivete Sangalo, ou de qualquer outro artista que arrasta multidões, algum teleguiado do Kim Kataguiri, Bolsonaro, ou Malafaia abrir fogo contra o público, ache normal. Afinal, quem não se movimenta contra eles, não pode se chocar com os tiros de Las Vegas.

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