Seu candidato cometeu um erro ao falar das cotas. Disse que um branco pode ser reprovado com 9 no vestibular, enquanto um negro entraria com 5.
Isso é impossível.
As cotas funcionam assim, nas universidades e institutos federais:
Metade das vagas são de cotas, metade de competição universal.
Os 50% de cotistas são para alunos que vêm do ensino público.
As cotas de negros e indígenas ficam dentro desses 50%. Isto é: eles têm que vir do ensino público (portanto, um negro que vem do ensino particular NAO tem direito a cota) e correspondem ao porcentual de negros ou indígenas no Estado.
Nos cursos que exigem notas altas para entrar, como Medicina, a nota terá que ser alta tanto para o cotista quanto o não-cotista.
Isto é: pode acontecer de um branco, egresso de escola PARTICULAR, não entrar com nota 5,5 – enquanto um BRANCO, vindo de escola PÚBLICA (e portanto cotista),entre com nota 5.
Ou que entre um negro, de escola PÙBLICA, mas o exemplo que Bolsonaro deu não existe.
Insisto: as cotas não são apenas étnicas ou raciais.
Elas são essencialmente para a ESCOLA PÚBLICA, que é onde estão o branco e o negro POBRES.
Não dá para jogar aqui o branco contra o negro (ou o indígena).
Mais um dado importante: antes de serem criadas as cotas, o ensino superior federal tinha CEM MIL vagas de ingresso.
Junto com as políticas de cotas, o total de vagas subiu para 230 MIL.
Portanto, os cotistas NÃO TIRARAM VAGA DE NINGUÉM.
Hoje os não-cotistas têm 115 MIL VAGAS, isto é, 15 MIL a mais do que tinham em 2002.
por Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação em seu Facebook
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