foto de Joshua Hoffine |
Se a idade do Brasil fosse calculada a partir da invasão portuguesa deste continente em 1500 – e não a partir de 1815 (elevação da colônia à condição de Reino Unido ao de Portugal e Algarves) ou de 1822 –, o País teria hoje 519 anos:
a) 322 deles vividos sob o “período colonial” (62,04%);
b) 67 sob uma monarquia (12,9%);
c) 41 sob uma república oligárquica (7,89%);
d) 36 sob ditaduras e situações de exceção (6,93%);
e) 25 sob situação de normalidade democrática (ou quase), antes da Constituição de 1988 (4,81%);
f) depois de 1988, durante quase 28 anos sob uma democracia em construção (5,39%);
g) e, compreendidos no período anterior, os 13 anos de mandatos democrático-populares (2003-2016) de aprofundamento do Estado Democrático Social de Direito, que perfazem pouco mais de 2%.
Com o Golpe de 2016, iniciou-se um novo ciclo, enquadrável no item “d” acima. Ele se funda na criminosa manipulação promovida pela mídia oligopolizada, na sórdida atuação de membros do Judiciário e do Ministério Público em conluio, na paulatina destruição da Constituição pelos três Poderes, no contínuo crescimento da bancada “boi, bala, bíblia” nas duas Casas do Congresso Nacional, no avanço da extrema-direita, do negacionismo científico, do obscurantismo cultural e do neopentecostalismo, no fim do protagonismo brasileiro no cenário internacional, na entrega das maiores riquezas do País ao capital estrangeiro – tudo com apoio e aplauso dos que se proclamam “pessoas de bem”.
Antes mesmo da ruptura institucional em 2016, já sabíamos que o pesadelo mal começara e que os ataques desferidos quotidianamente contra os direitos dos trabalhadores desde então não significavam ainda a última pá de cal. Ou de caos.
Se, no jogo das percentagens, a “fase colonial” chegou a ser uma senhora de 62 anos, o projeto democrático-popular era tão somente uma criança de pouco mais de 2 anos.
E ela foi sendo enterrada viva.
Walfrido Vianna
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