24 de jul. de 2011

"COM QUE PELE EU VOU, PRO SAMBA QUE VOCE ME CONVIDOU?..."

IBGE questiona o próprio IBGE ao usar termos errados, diz frei


Os termos que definem a cor da pele ou raça da população brasileira precisam ser rediscutidos, na opinião de frei David Raimundo Santos, presidente da ONG Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro).  



Na sexta-feira (22), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a "Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População", que mostra a relação entre cor da pele e raça na vida cotidiana das pessoas.


Para o ativista, os dados apresentados questionam diretamente o modo como o instituto, responsável por produzir estatísticas demográficas oficiais, classifica os brasileiros. Frei Davi lembra que a comunidade negra discutiu intensamente na década de 1980 as formas para designar a cor da pele, com críticas ao emprego de termos como "preta" e "parda". A nomenclatura usada pelo IBGE foi mantida.

"A pesquisa do IBGE está questionando o próprio IBGE na classificação", resume. "Os dados revelaram que as palavras 'preto' e 'pardo' não são usadas; 'moreno' e 'negro' são mais citados (pelas pessoas entrevistadas)", constata o frei.


A característica de identificação mais citada pelos entrevistados foi a cor de pele, em segundo a origem familiar. Os relativos a afrodescendentes se dividiram entre as classificações: preta (1,45%), parda (13,6%), negra (7,8%) e morena e suas variações (49%). "Agora a comunidade negra tem material científico para retomar o diálogo com o IBGE para rediscutir essas terminologias", sugere Frei David.


Apesar de classificar o levantamento como uma ferramenta essencial de mobilidade e transformação da sociedade, Frei David sente falta de dados de um novo fenômeno que preocupa a comunidade negra, o racismo em grandes lojas de departamento e hipermercados.


"Essas lojas contratam 'capitães do mato' que reproduzem a ideologia dominante de que o negro tem perfil de ladrão." Frei David diz que há intensas conversas com representantes desses locais para treinar melhor os funcionários.


A ONG da qual o ativista faz parte acompanha casos de denúncias de preconceito e abusos por parte de funcionários desse tipo de estabelecimento comercial. Um desdobramento recente de um desses episódios ocorreu na quarta-feira (20), quando o Grupo Pão de Açúcar pagou uma indenização de R$ 260 mil para uma criança que teria sofrido racismo em uma loja da rede.


Segundo informações do G1 a empresa negou as acusações e afirma repudiar qualquer ato discriminatório.


Fonte: Rede Brasil Atual

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