26 de jul. de 2011

TENHO DITO!

E O VENTO LEVOU
Joaquim Dantas

No tempo em que eu era adolescente, os meus inimigos estavam na natureza:
“Desce dessa árvore, menino, você vai cair...” – Gritava minha mãe achando que uma manga não valia o risco de um braço ou perna quebrados.
“Não vá para o rio, você não sabe nadar....”  Continuava ela com seu sábio raciocínio que avaliava tão bem o “custo/benefício” das coisas.
Hoje, nas poucas vezes e que ligo a TV, fico refletindo sobre o que está levando as pessoas a praticarem tanta barbaridade. É claro que não existe UM problema, mesmo porque o processo de “burrificação” que o povo vem sofrendo é secular, mas algumas coisas tem me chamado a atenção:
1)      A BANALIZAÇÃO DA MORTE – A mídia, principal estimuladora dessa banalização, tem a maior parcela de responsabilidade nesse processo, principalmente porque tem o “poder” de divulgar notícias influenciando pessoas de maneira sutil, às vezes de maneira escancarada mesmo. Basta pensar naquele massacre de realengo, mesmo o policial que atuou na escola durante o tiroteio ter participado do “Domingão do Faustão”, teve menos exposição na mídia do que o assassino. O poder de alcance da TV é imenso mas não dá para comparar com  as centenas de milhares de tablóides, jornais e revistas espalhados pelo país, com a foto do bandido em suas capas, durante várias edições seguidas.  Resultado: Muita gente acaba achando tudo isso normal e que essa é a única maneira (ou a mais rápida)  de se tornar famoso.
2)      A IGREJA – como sempre, não move uma palha para combater essa banalização, não se posiciona. Em sua megalomania de acumular poder e dinheiro os “representantes do altíssimo” vêem nessa conivência promíscua a melhor oportunidade de se promoverem. E o som que sai dessas igrejas é o cacarejo da crítica sem sentido e sem objetivo algum, fazendo de seus púlpitos palanques da hipocrisia.
3)      A INTELECTUALIDADE – A maioria dos artistas também se cala diante da desgraça da banalização. Quantos livros são lançados no Brasil que tenham “pensares” sobre o problema? Quantas mobilizações forão feitas chamando a sociedade ao combate? Nenhuma! Pelo contrário, o “moído” é sempre o mesmo: Criticar é mais fácil que fazer e dá maior notoriedade.

Meus inimigos hoje são muito diferentes: A intolerância, a desigualdade social , o egoísmo, a busca furiosa e desenfreada pelo poder. Mas o maior inimigo do Homem em nossos dias é o próprio Homem, até que volte a pensar...

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