Amauri Teixeira*
Não é necessário extinguir a seca. Ela faz parte da nossa cultura, constitui o DNA nordestino. A seca não é uma estação do ano. A seca é permanente. Mas, nunca a chuva levou tanto tempo longe dos açudes, barragens e torneiras nesta região do país.
Os especialistas afirmam que é o período sem chuvas mais longo dos últimos 30 anos na Bahia. Tal estágio requer uma decisão excepcional da presidenta Dilma Rousseff. Nasci e cresci no semi-árido baiano.
Vi e convivi com sucessivas estiagens. Reconheço o dolorido ato do vaqueiro, forçado a escolher entre a própria sede e a do rebanho. Certas situações impedem até mesmo a possibilidade de compartilhar a água. É preciso escolher, intuir quem pode agüentar mais tempo sem água, qual organismo pode resistir mais ao impacto:
o homem ou o animal, eis a questão. A matemática não é fácil, porque, a seca no nordeste não é um dilema shakespeariano. Apesar de depender do número de cifras que devem e precisam chegar até os mais de 200 municípios que decretaram situação de emergência no estado, eles precisam vir acompanhados por políticas públicas permanentes, capazes de estabelecer critérios menos morosos e mais ágeis para a liberação, mas, principalmente, a disponibilidade desses recursos.
Se por um lado, a liberação de mais dinheiro para minimizar o impacto da seca depende de vontade política da Esplanada dos Ministérios, por outro, ainda cabe a cada prefeitura o tino de decretar situação de emergência ou não no município. Em Jacobina, minha terra natal, também localizada no semi-árido baiano, a situação é no mínimo periclitante.
Infelizmente, coincidiu o período de estiagem com o ano eleitoral. Apesar do estágio avançado da seca, a prefeitura decidiu realizar a micareta local antes de decretar a situação de emergência; Ou seja: primeiro o circo, depois o pão. A indústria da seca é a principal financiadora dos currais eleitorais. O termo não é á toa.
As oligarquias ainda perduram no nordeste. A ideologia carlista sobrevive no interior dos coronéis, que manuseiam a seca como se fosse um boneco de vudu. É intolerável a omissão de todos ante o atual espectro político-eleitoral que ganhou a seca na Bahia. A democracia em curso no país está sendo desidratada pelo o oportunismo das eleições de 2012.
Uma onda pela a aprovação de uma medida provisória da presidenta Dilma Rousseff ganhou as redes sociais: A hashtag #MPdaSeca é uma defesa consciente pela liberação de mais recursos aos municípios que decretaram situação de emergência na Bahia, a anistia das dívidas dos pequenos produtores, bem como, a possibilidade da própria sociedade civil organizada declarar situação de emergência ou calamidade pública.
Porque o poder deve ir para as mãos de quem respeita, conhece e convive com a seca.
*Amauri Teixeira é deputado federal e vice-líder do PT na Câmara Federal.
Fonte: http://www.corinourgente.com/index.php/opiniao
Não é necessário extinguir a seca. Ela faz parte da nossa cultura, constitui o DNA nordestino. A seca não é uma estação do ano. A seca é permanente. Mas, nunca a chuva levou tanto tempo longe dos açudes, barragens e torneiras nesta região do país.
Os especialistas afirmam que é o período sem chuvas mais longo dos últimos 30 anos na Bahia. Tal estágio requer uma decisão excepcional da presidenta Dilma Rousseff. Nasci e cresci no semi-árido baiano.
Vi e convivi com sucessivas estiagens. Reconheço o dolorido ato do vaqueiro, forçado a escolher entre a própria sede e a do rebanho. Certas situações impedem até mesmo a possibilidade de compartilhar a água. É preciso escolher, intuir quem pode agüentar mais tempo sem água, qual organismo pode resistir mais ao impacto:
o homem ou o animal, eis a questão. A matemática não é fácil, porque, a seca no nordeste não é um dilema shakespeariano. Apesar de depender do número de cifras que devem e precisam chegar até os mais de 200 municípios que decretaram situação de emergência no estado, eles precisam vir acompanhados por políticas públicas permanentes, capazes de estabelecer critérios menos morosos e mais ágeis para a liberação, mas, principalmente, a disponibilidade desses recursos.
Se por um lado, a liberação de mais dinheiro para minimizar o impacto da seca depende de vontade política da Esplanada dos Ministérios, por outro, ainda cabe a cada prefeitura o tino de decretar situação de emergência ou não no município. Em Jacobina, minha terra natal, também localizada no semi-árido baiano, a situação é no mínimo periclitante.
Infelizmente, coincidiu o período de estiagem com o ano eleitoral. Apesar do estágio avançado da seca, a prefeitura decidiu realizar a micareta local antes de decretar a situação de emergência; Ou seja: primeiro o circo, depois o pão. A indústria da seca é a principal financiadora dos currais eleitorais. O termo não é á toa.
As oligarquias ainda perduram no nordeste. A ideologia carlista sobrevive no interior dos coronéis, que manuseiam a seca como se fosse um boneco de vudu. É intolerável a omissão de todos ante o atual espectro político-eleitoral que ganhou a seca na Bahia. A democracia em curso no país está sendo desidratada pelo o oportunismo das eleições de 2012.
Uma onda pela a aprovação de uma medida provisória da presidenta Dilma Rousseff ganhou as redes sociais: A hashtag #MPdaSeca é uma defesa consciente pela liberação de mais recursos aos municípios que decretaram situação de emergência na Bahia, a anistia das dívidas dos pequenos produtores, bem como, a possibilidade da própria sociedade civil organizada declarar situação de emergência ou calamidade pública.
Porque o poder deve ir para as mãos de quem respeita, conhece e convive com a seca.
*Amauri Teixeira é deputado federal e vice-líder do PT na Câmara Federal.
Fonte: http://www.corinourgente.com/index.php/opiniao
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