ESPELHO MEU
Ricardo Irigoyen
Hoje
acordei e me olhei no espelho. Vi um rosto conhecido com barba por fazer. Olhei
o relógio e vi que eram as 05h00min. Que diferença existe entre minha pessoa e
milhões de trabalhadores? Qual é a linha que separa um gari de um congressista?
O que ou quem estabelece a diferença de ganhos entre cada um de nós?
Vejo
aproximar-se a época das eleições, talvez o único momento no qual o peso de um
voto nivela a todos os cidadãos deste país, oportunidade de pôr um freio na
corrupção que impera no Brasil. Um voto por pessoa. Não há diferença de quanto
ganha um e quanto ganha o outro, somos iguais independentemente se chegamos
para dar nosso voto num carrão, num ônibus ou a pé. Um instante no qual
realmente somos iguais perante a lei. Deveria ser um momento sagrado já que
vamos eleger aqueles que além de governar nossas vidas por um período serão
regiamente pagos com nosso dinheiro. Deverão tomar conta de nossa casa e nossos
bolsos. Porque isso é o que os escolhidos pelo voto deveriam fazer, cuidar de
nós, proteger-nos a nós e as nossas famílias.
O homem mais
rico do Brasil igual ao gari que limpa a minha rua. O trabalhador de um salário
mínimo igual ao funcionário público do Congresso Nacional. O analfabeto
funcional igual ao presidente da ABL. Momento sublime da democracia que nos
nivela por um instante. Quando vejo quanto gasta um candidato para eleger-se,
me pergunto de onde vem esse dinheiro que supera, em muito, o montante que,
caso fosse eleito, não ganharia em todo seu mandato? O que faz que o eleitor
vote em candidatos evidentemente não capacitados para governar? A ignorância? A
ganância? A estupidez? Sim, a estupidez, porque é a única explicação que aceito
para justificar que macacos, ou analfabetos ou políticos condenados
publicamente por corrupção, ganhem eleições. Um ignorante não é burro, um
ganancioso nunca poria um mais esperto do que ele para que tome conta do
galinheiro. Não compro a ideia que a falta de educação no Brasil seja a causa
de que tenhamos de conviver com o tsunami de corrupção que assola nosso país.
Acredito que no fundo, todos sejamos coniventes e cúmplices através do voto,
acreditando que talvez em algum momento possamos levar vantagem também. Não
quero acreditar, recuso-me a crer que o brasileiro não sabe votar. Tenho
certeza que o que falta é ética. E lamentavelmente ética ou Ética somente se
ensina com o exemplo. Com letras minúsculas em nossos lares e com maiúscula na
educação, na política, na economia, nas igrejas e assim por diante.
Termino de
fazer a barba e começo minha luta diária, como tantos outros. No meu caso estou
tentando educar meus alunos, para quem sabe algum dia Diógenes possa encontrar
o que procura.
Caro leitor,
concorda comigo?
Boa semana
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