23 de jan. de 2015

Atreve-te e anda - Por Iberê Lopes

Tudo bem, a gente não se encontra. Mantemos esses relacionamentos sem laços, com traços modernos.
Via email, whatsapp ou facebook, enviamos #versos. Confessamos paixões, rompemos o silêncio sem dizer. Apertamos botões com se fossem mãos ou ainda, profundamente, nos entregamos em abraços cibernéticos.

De Brasília
Iberê Lopes
Para o Blog do Arretadinho

Eu fico por aqui, entre as paredes desse sentimento inviolável. Correndo em avenidas virtuais. Imaginando o inesperado. Observando as janelas vizinhas, paredes pintadas em #cores surreais. Deixando olhares e marcas pelos cantos. Alegria plastificada, lágrima inventada em paisagens verdadeiramente impermeáveis. 

Por dentro, do lado da #alma, ninguém pode ver mais do que a superfície apresenta.

Para saber exatamente quem sou acesse meu perfil. Temos, obviamente, muito em comum apesar da distância abismal que se estabelece concretamente. Amigos, gostos, gestos, hábitos, #culturas e alguns ideais. Nada do que, por ventura, queira saber, além, seria mais interessante do que essa história que conto em imagens. Álbuns, retratos e laços.

Tudo leva e conduz a conclusão de que somos cheios de uma sina harmoniosa. Se quiser mais mande um emoticon com uma piscadela. Um sinal de fumaça em #desenho, qualquer nota que se sinta sem precisar tocar. Tristezas, solidões e outros rios que correm por aqui, do lado oposto à tela, interessam sim. Mas, o tempo está escasso demais. Ocupado em hashtags que nos mantém compartilhados.

Estou no grupo de todos os incluídos. Nas #redes de muitos que carregam o diapasão da sinceridade. Nas tribos conectadas, envoltas por um universo de realizações fugidias. Num indo e vindo infinito. Tudo um tanto fluído demais para um cara de 1900eComoUmaOnda. Então senta que lá vem a parte bacana dessa ficcionada realidade retratada neste espaço aéreo.

Procuramos incessantemente algum resquício de nós. Algum ser do passado recente ou memória que nos aponte quem somos. Uma colcha de retalhos. Fazendo daqui, também, um fantástico relicário. E encontramos mesmo em rostos, falas, #vídeos e palavras tantos que pareciam ter se perdido ou desagarrado na correria deste mundo atucanado.

Insubstituíveis. Cada pessoa especial que não haveria de existir duas no mesmo quadrado. Retornam ao nosso convívio. Estes contatos a #gente não perde, retoma e refaz o caminho até o eternamente. Fundamental para que os pés se mantenham no chão e a cabeça nos sonhos. Momentos sem igual, que se repetem sim em reaproximações afetuosas.

De volta ao meu canto. O #horizonte chove reticências, interrogações e reflexos. Exclamações filosóficas do tipo: atreve-te e anda. Espie lá fora o quanto há de experiências por serem desvendadas. Reveladas em novas matizes, sem que se percam as raízes. A virtualidade pode ser uma saída, feito a concretude idealizada de uma “aldeia global” revivida.

Mas nada. Absolutamente nada neste planeta poderá, nunca, valer mais do que a gente de osso, carne e #coração. Dizendo a poesia de corpo real. Vivente. Esta é a aventura mais corajosa, o desafio que se apresenta em evidência. Transformar essa união etérea no plano da matéria. Numa praça de cidade, na rua da igreja, no circo que chegou, qualquer dança e música sentida, no cais em uma partida ou no olhar emocionado de uma chegada. #partiu 

Atreve-te e Anda - por Iberê Lopes 
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