20 de mai. de 2015

China reforça parcerias infraestruturais com Brics

Visita de premiê do país ao Brasil nesta semana deve resultar em novos acordos na área, após documentos assinados ainda neste mês com Rússia e Índia
Nos últimos meses, a China assinou diversos acordos de peso, na casa das dezenas de milhares de dólares, com os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Os documentos tratam, sobretudo, de projetos infraestruturais.

Enquanto a velocidade de crescimento do país cai, a participação em projetos no exterior ajuda empresários chineses a compensar a diminuição da demanda no mercado interno.

No primeiro quadrimestre de 2015, o PIB chinês cresceu apenas 7%, o indicador mais baixo dos últimos sete anos. O volume de construções iniciadas de janeiro a abril caiu em 17,3%, em comparação ao período equivalente no ano anterior. No primeiro trimestre de 2015 a queda foi de 18,4% no total anual.

Estradas de ferro, portos e aeroportos, rodovias e centros de logísticas são alguns dos pontos de interesse dos chineses nos países parceiros do Brics.

O interesse pelo mercado estrangeiro surgiu entre investidores chineses na última década, quando o volume quase nulo de investimentos diretos chineses nesse saltou para os 116 bilhões de dólares em 2014, de acordo com dados da consultoria financeira Ernst & Young.

A velocidade de crescimento dos investimentos chineses chegou aos 16%, e Pequim alcançou a terceira posição no ranking dos maiores investidores mundiais em projetos estrangeiros.

Em 2014, os investidores chineses aplicaram capital em 6.128 companhias em 156 países estrangeiros, com um volume de 116 bilhões de dólares, um indicador 15,5% superior ao de 2013, de acordo com a Ernst & Young.

Brasil 
Na segunda-feira (18), o premiê chinês Li Keqiang desembarcou no Brasil para uma visita oficial de três dias. Entre as negociações a serem fechadas com o governo brasileiro, espera-se que a China assine um acordo de investimento no país da ordem de 53,6 bilhões de dólares.

A parte principal do acordo diz respeito a projetos infraestruturais. As companhias chinesas participarão da construção dos trilhos da estrada de ferro que deverá ligar os litorais Atlântico e Pacífico do Brasil e do Peru.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Nos últimos 12 anos, o volume de negócios entre os dois países decuplicou: dos 8,3 bilhões de dólares em 2001, saltou para 83,3 bilhões em 2013.

E, graças à construção da ferrovia translatinoamericana, as empresas chinesas terão mais possibilidades para implementar sua produção no mercado da América Latina, que recebeu quase 13% de todos os investimentos chineses no exterior no ano passado.

Em janeiro, o presidente chinês, Xi Jinping, anunciou que o país tem intenção de investir quase 250 bilhões na região nos próximos dez anos. Apenas Brasil, Colômbia, Peru e Chile devem ficar com cerca de 57% das trocas comerciais entre China e América Latina.

Índia e Rússia 
Ao final de uma visita oficial do premiê indiano, Narendra Modi, à China na semana passada, 26 acordos foram assinados, totalizando um volume de negócios de 22 bilhões de dólares. Os contratos entre Pequim e Nova Déli foram firmados nas esferas de finanças, infraestrutura e transporte, telecomunicações e energia.

Também para a Índia a China é o maior parceiro comercial, com trocas comerciais na ordem dos 71 bilhões de dólares no ano de 2014.

O país também está pronto a reforçar sua parceria com a Rússia. Ao final da visita de uma delegação chinesa a Moscou no início do mês, foram assinadas dezenas de acordos nos campos de energia, extração aurífera, construção naval, alta tecnologia e transportes.

Investidores chineses se mostraram dispostos a aplicar quase seis bilhões de dólares em uma ferrovia expressa ligando Moscou a Kazan, que posteriormente poderá ser estendida até Pequim.

A criação de uma via de alta velocidade entre a capital russa e a chinesa, cujos custos são avaliados em cerca de 150 bilhões de dólares, ajudaria a China a reforçar sua presença nos mercados europeus e do Oriente Médio.

O interesse da China por projetos internacionais de infraestrutura foi despertado, sobretudo, por um desejo de intensificar a capacidade de concorrência dos produtos chineses no mercado mundial, de acordo com o economista-sênior do Deutsche Bank na Rússia, Iaroslav Lisovolik.

"Nos últimos anos, ocorreu um visível encarecimento dos custos de produção dos produtos chineses que está relacionado ao aumento dos salários e da seguridade social dentro da China", diz.

Para conter as despesas no transporte, a produção de Pequim, cujos preços têm subido, realoca sua logística, e o governo chinês vê os investimentos como uma possibilidade de ganhar o controle das rotas comerciais no futuro.

Além disso, a China auxilia a própria moeda nacional assim, abastecendo a circulação do yuan, já que muitos dos acordos prevêem pagamentos em moeda nacional, e não em dólares ou euros.   

Versão reduzida de material do portal Gazeta.Ru.

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