11 de jun. de 2015

UJS publica Nota contra LGBTfobia

A UJS publicou uma Nota de Repúdio as manifestações de LGBTfobia após a Parada do Orgulho Gay

De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho

A última Parada do Orgulho Gay, realizada recentemente em São Paulo, provocou uma reação raivosa de inúmeros seguimentos da sociedade ligados às religiões cristãs. Padres, pastores e setores conservadores da sociedade destilam diariamente seu ódio, seja pela grande mídia ou pelas redes sociais. O que acendeu o pavio do ódio ao Movimento LGBT, foi a performance de uma transexual desfilou "crucificada", numa referência à figura de Jesus Cristo.

A Frente Nacional LGBT da UJS publicou uma nota contra as manifestações de LGBTfobia, onde afirma que o desfile não foi um ataque à fé de ninguém e que "com relação a polêmica em torno da “crucificação” na Parada Gay, é necessário entender o contexto em que foi utilizada para evitar novas e maiores hostilidades contra os LGBT’s".

Confira a íntegra da Nota:

A crucificação é todo dia, UJS contra a LGBTfobia
A Parada do Orgulho de São Paulo é o movimento social que acumula todos os anos centenas de milhares de pessoas, mobiliza além da cidade e estado de São Paulo, muitas outras regiões do Brasil. A grande participação da comunidade LGBT se dá por muitos motivos, mas principalmente por que os dias em que se realizam as Paradas são os únicos, e poucos do ano, em que os nossos afetos, a nossa luta por sobrevivência e o nosso amor tomam às ruas.

Tomar as ruas significa ocupar um espaço que deveria ser de pertencimento de todas e todos, mas que para nós não o é. Nas ruas é que somos achincalhados, violentados física e moralmente, mortos e mercantilizados pelo sexo. Demonstramos que queremos um espaço democrático, livre e de igualdade para ocupar a totalidade das cidades, e não só os nichos mercadológicos destinados a nos esconder.

As lutas que travamos hoje por direitos civis fazem parte do nosso dia a dia e influenciam nas nossas vivências futuras, a retirada da Homossexualidade da lista de patologias da OMS, a União Homoafetiva, o Nome Social, a Adoção, a Criminalização da LGBTfobia entre tantas outras culminam na defesa da liberdade de se expressar, da dignidade da pessoa humana e de amar.

Acreditamos na liberdade religiosa, LGBTs também podem ser católicos, evangélicos, espíritas, umbandistas, candomblecistas, agnósticos além de optar por não ter crença alguma. As crenças são de foro íntimo e devem ser respeitadas.

Com relação a polêmica em torno da “crucificação” na Parada Gay, é necessário entender o contexto em que foi utilizada para evitar novas e maiores hostilidades contra os LGBT’s. A encenação, inclusive, teve isso como objetivo. Mostrar que milhares de pessoas permanecem sendo agredidos, assassinados – e por que não crucificados – por conta unicamente da orientação sexual e da identidade de gênero que assumem.

A opção pela imagem da cruz talvez tenha sido para provocar uma reflexão entre aqueles que, se utilizando de prováveis preceitos religiosos, reproduzem as mais duras opressões. Se esse foi o objetivo, julgamos correta a iniciativa e manifestamos nosso apoio. A tolerância entre todos os segmentos étnico-culturais, religiosos e de gênero é fundamental para o avanço e aprofundamento da democracia em nosso país!

É possível identificar em diversos meios de comunicação, grandes e pequenos, impressos e digitais, de grande relevância social ou não a figura de outras ‘crucificações’ que não ganharam repúdio, mas a resposta está aqui, a figura atentatória e inadmissível é da Transexual, é da LGBT.

Devemos repensar os julgamentos, não foi demonstrado em momento nenhum intolerância religiosa, já foram intolerantes conosco. Não demonstramos em nenhum momento ódio às pessoas religiosas ou à imagem cristã, já demonstraram ódio contra nós.

A construção da expressão ‘Pecado’ se deu por mais de um milênio de história, pelas Igrejas (‘Santa’ Inquisição), pela Monarquia, pela Burguesia, pelo Sistema Capitalista e arraigada na mente das pessoas fez sangrar muitas mulheres e muitos LGBTs ao longo dessa nossa história da humanidade, a apropriação deste discurso continua causando derramamento de sangue.

Iremos continuar ocupando as ruas, lutando pela liberdade de amar, lutando por direitos civis, lutando pela construção do socialismo e principalmente lutando para que Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais não sejam ‘demonizadxs’ e Crucificados todos os dias.

Por: Frente Nacional LGBT UJS

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