Valdeci Moreira de Souza Foto Joaquim Dantas |
Valdeci Moreira, um diretor de teatro do Gama que não mede esforços para fazer arte de qualidade
Do Gama
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
Desde sempre sabe-se que fazer Teatro no Brasil não é fácil, principalmente pela dificuldade que se tem de captar recursos, sejam eles públicos ou privados. Culturalmente não temos o hábito de frequentar as salas de teatro que, diga-se de passagem, são poucas e caras. É muito mais fácil captar recursos para a produção de um show de Wesley Safadão, que leva facilmente 20 mil pessoas para o estacionamento do Estádio Mané Garrincha, do que para produzir uma peça de teatro.
Agora, imagine o que é fazer teatro na cidade do Gama, distante cerca de 35 Km de Brasília, com as mesmas dificuldades encontradas nos grandes centros e produzir espetáculos belíssimos e de altíssima qualidade...
É o que faz o premiado diretor de teatro Valdeci Moreira de Souza, da Cia Semente de Teatro, há 7 anos no Gama. Em 2013, por exemplo, ele recebeu dois prêmios no Festival SESC de Teatro Candando no DF, com a peça Infinito Vazio.
Troféus recebidos em 2013 e 2015 Foto Joaquim Dantas |
A peça ganhou prêmios em duas categorias, melhor direção e melhor iluminação. Segundo os produtores da obra "quando achávamos que estávamos prontos, tudo teve que ser adiado e mais uma vez estávamos vazios. Entre o cheio e o vazio surgiram textos, frases e pensamentos de Caio Fernando Abreu, Sida Oliveira, Gero Camilo e da própria Companhia, que fizeram com que o processo criativo transbordasse e se transformasse em um drama poético e desta forma o cheio e o vazio se completaram. Então nasceu o espetáculo poético musical “INFINITO VAZIO”."
E eis que Valdeci repete a dose em 2015, no mesmo Festival. Das 9 categorias, a peça Miguilim Inacabado, de Guimarães Rosa, foi indicada para 8 prêmios, inclusive para o de Ator Revelação para Matheus Trindade, que interpreta o Miguilim. Chegou ao final do certame com o prêmio de Melhor Figurino do Festival SESC de Teatro Candango.
Miguilim, segundo os produtores "é a criança dentro de cada um de nós: ora cercada pela alegria da vida, ora desafiada pela presença da morte; mas sempre aberta para a beleza do mundo – “Mutum é lindo”, como diz o protagonista".
Parte do cenário de Miguilim Foto Joaquim Dantas |
O que me impressiona, entretanto, é o pouco caso que os gestores públicos e o próprio Movimento Cultural da cidade, fazem com uma equipe vitoriosa e competente como a da Cia Semente de Teatro, que está levando o nome do Gama para além das fronteiras do Planalto Central, como foi o caso do espetáculo Vestida de Má, baseado na vida e obre de Alfoncina Storni, poetisa, escritora e feminista que viveu na Argentina nos anos 20 e 30, do século passado.
A peça foi apresentada em Porto Alegre, Caxias, Curitiba e Rio de Janeiro no início de 2015.
Valdeci é um diretor criterioso e exigente, a produção de suas peças, antes da primeira apresentação, duram em média 1 ano e meio e ele já promete uma grande produção de uma obra nacional para 2017, que certamente fará muito sucesso.
O local onde está instalada a Cia Semente de Teatro é um espaço público que ficou abandonado por quase 20 anos e após receber a concessão de uso da Administração Regional do Gama em 2014, Valdeci e sua equipe restauraram o local com recursos próprios e muita determinação.
O Espaço Semente está encerrando as suas atividades em 2015 com a presentação do Espetáculo Miguilim Inacabado, revertendo toda a bilheteria para ajudar na reconstrução do Ilé Oya Gaban, da Mãe Baiana, que foi destruído por um incêndio no Paranoá no mês passado.
O espetáculo que marcará o encerramento das atividades do Espaço Semente, será presentado neste sábado (19), às 20h, com preço único de R$ 20,00
Atravessaram o ano de 2015 com muitas dificuldades, mas terminam o ano com solidariedade. Axé, Guerreiro!
Peças expostas na parte externa do Espaço Semente:
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