8 de jan. de 2016

Projeto São Francisco testa modelo de recuperação da caatinga

Trabalho realizado em Cabrobó (PE) consiste em replantio de mudas, conservação da água e proteção das plantas aos ataques de animais.
Pesquisadores do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Nema/Univasf) desenvolveram e testam pela primeira vez um modelo de recuperação da mata da caatinga. O experimento, iniciado no final de 2014, apresenta resultados positivos em uma área no município de Cabrobó (PE) e, se comprovado como eficiente, será implantado em áreas impactadas pelas obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco.

O modelo de recuperação do bioma envolve o replantio de mudas, a conservação da água e a proteção das plantas dos ataques de animais da região. O processo é "simples, efetivo e de baixo custo", ideal para as condições do semiárido, afirma o coordenador do Nema, Renato Garcia, que sobrevoou o viveiro e aprovou os resultados parciais. 

Os pesquisadores plantaram, em uma área de aproximadamente 5 hectares ao lado da estação de bombeamento, mais de 5 mil mudas de 23 espécies nativas da caatinga, oriundas de matrizes resistentes à estiagem prolongada. Além disso, cerca de 2 mil árvores adultas, de 25 espécies, fornecerão sementes. 

Para driblar a escassez de chuvas e conservar a pouca água disponível, a equipe do Nema criou bacias topográficas artificiais, escavadas com máquinas pesadas e com diâmetro entre 20 e 30 metros - as águas das chuvas escorrem para a depressão, o que facilita seu acúmulo. 

Além disso, os pesquisadores montaram uma proteção contra três animais que normalmente se alimentam dessas plantas: bodes, carneiros e jegues, comuns da região. Cercas-vivas feitas de xique-xique, espécie de cacto com espinhos de até 10 centímetros, e macambira, um tipo de bromélia com espinhos pequenos e incisivos, mantêm os animais longe do espaço de recuperação de forma mais eficiente que as cercas de arames, geralmente depredadas ou furtadas. 

Cabrobó integra o Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco. As águas do rio são captadas no município e transportadas até o reservatório de Jati (CE). A Univasf escolheu Cabrobó para testar o modelo de recuperação da caatinga porque as obras estão avançadas, com 81% de execução física, o que torna o local adequado para o replantio. Além disso, o município dispõe de uma instalação física destinada à finalidade que havia sido utilizada pelo Exército. 

Se o trabalho for bem sucedido, ele será replicado em outros trechos da obra e será a base da recuperação da mata prevista no projeto. Além disso, o modelo fica de legado para a reabilitação de um bioma que, segundo o Ministério do Meio Ambiente, tem atualmente cerca de 50% de sua área desmatada. 

Projeto São Francisco
Gerenciado pelo Ministério da Integração Nacional (MI), o Projeto de Integração do Rio de São Francisco é a mais relevante iniciativa do governo federal dentro da Política Nacional de Recursos Hídricos. O objetivo é garantir a segurança hídrica para 390 municípios no Nordeste Setentrional, onde a estiagem ocorre frequentemente, beneficiando mais de 12 milhões de habitantes.

Cerca de R$ 1 bilhão são destinados a ações socioambientais e de recuperação arqueológica, o mais significativo volume de investimentos nessas áreas do semiárido. As ações desenvolvidas pelos 38 programas ambientais do projeto possibilitam a cientistas e à sociedade aprofundar o conhecimento sobre a caatinga, sobre fauna, flora, aspectos econômico-sociais, arqueológicos e sociais de pequenas comunidades rurais, indígenas e quilombolas mapeados na área de impacto do projeto. 

Fonte mi.gov.br

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