O jovem ator Matheus Trindade, que interpreta a personagem Miguilim, foi indicado na a categoria ator revelação, no Prêmio SESC do Teatro Candango de 2015 / Foto Joaquim Dantas |
O espetáculo Miguilim Inacabado, de Guimarães Rosa, está de volta e será apresentado no Teatro SESC do Gama
Do Gama
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
Quando Hera, esposa de Zeus, descobriu sobre a gravidez de uma mortal chamada Sêmele e que dizia estar grávida do marido de Hera, disfarçou-se de criada da jovem e fingiu duvidar veementemente da origem divina do bebê que Sêmele carregava no ventre, convencendo a jovem a apresentar uma prova da divindade do pai da criança.
Ardilosa, Hera colocou Sêmele numa fria ao pedir isso, propôs a rival que pedisse que Zeus se apresentasse a ela (a rival), em sua forma original. Sêmele caiu na armadilha de Hera e quando Zeus se apresentou à amante, o seu brilho a transformou em cinzas, mas o deus do trovão conseguiu salvar o filho, colocando-o em sua panturrilha para terminar a gestação e quando a criança nasceu, Zeus encarregou à ninfas da Ásia que o criassem.
Essa criança chamava-se Dionísio, que ficou conhecido como deus do vinho porque o rapaz, em suas andanças pelo mundo, descobriu como transformar a uva nessa bebida milenar, ensinando aos mortais como prepará-la.
Séculos depois, em homenagem ao alegre deus do vinho, os gregos faziam grandes festas. Nestas festas os adoradores do deus dançavam uma dança de saltos ou dança de abandono que representava o êxtase causado pelo vinho e cuja coreografia possuía movimentos ilustrativos, também usavam máscaras que simbolizavam a transformação dramática. Tal dança era acompanhada por movimentos dramáticos e hinos cantados em coro. Nasceram assim, as famosas Dionísias Urbanas.
Foi, portanto, nessas Dionísias Urbanas que surgiram as primeiras manifestações do teatro, por isso Dionísio é também considerado o deus do teatro.
Esse teatro marginal dos gregos permanece vivo até hoje e é praticado por diretores como Valdeci Moreira de Souza, da Cia Semente de Teatro, do Gama. É um teatro que não engana ao público, não disfarça a história que se propõe a contar para contar outra diferente, é um tetaro honesto, puro, real, envolvente e emocionante.
Desde sempre sabe-se que fazer Teatro no Brasil não é fácil, principalmente pela dificuldade que se tem de captar recursos, sejam eles públicos ou privados, como se isso não bastasse, culturalmente não temos o hábito de frequentar as salas de teatro que, diga-se de passagem, são poucas e caras. É muito mais fácil captar recursos para a produção de um show de Wesley Safadão, que leva facilmente 20 mil pessoas para o estacionamento do Estádio Mané Garrincha, do que para produzir uma peça de teatro.
Foto Joaquim Dantas |
Agora, imagine o que é fazer teatro na cidade do Gama, distante cerca de 35 Km de Brasília, com as mesmas dificuldades encontradas nos grandes centros e produzir espetáculos belíssimos e de altíssima qualidade.
É exatamente isto que Valdeci e sua equipe de extraordinários atores fazem, teatro honesto e de qualidade. Quem ainda não conhece terá a oportunidade de ser contemplado com esse trabalho no próximo mês de julho, quando será reapresentado o espetáculo Miguilim Inacabado, de Guimarães Rosa, no Teatro SESC Paulo Gracindo, no Gama.
Segundo a produção " o espetáculo Miguilim inacabado é um convite à reflexão sobre nossas origens, sobre a infância sagrada que alimenta nossos sonhos durante toda a vida e não deixa que nossa criança interior pereça frente às “coisas ruins” que acontecem no mundo. Além, claro, de ser um convite à leitura da obra deste grande brasileiro que está entre os autores da Literatura Universal, João Guimarães Rosa".
Vamos ao teatro?
Serviço:
Semente Cia de Teatro
Espetáculo Miguim Inacabado, de Guimarães Rosa
21 de julho, quinta-feira, às 20h
22 de julho, sexta=feira, às 15h e às 20h
Local: Teatro SESC Paulo Gracindo, Gama
Classificação indicativa: 14 anos
Entrada franca - Retirada dos ingressos 1 hora antes do espetáculo na bilheteria do teatro.
Com informações sobre Mitologia Grega fornecidas por Jane Maria de Almeida Barbosa
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