4 de abr. de 2017

Vereador "patrulha" professores em SP

'Holiday não é supervisor de ensino,
ele não tem formação para fiscalizar
os professores', diz Carlos Giannazi
ATITUDE ILEGAL
Vereador Fernando Holiday entra em escolas para 'patrulhar' professores
Vereador afirma que investigava "doutrinação ideológica". Mandato não dá prerrogativa ao parlamentar e integrante do MBL de abordar e intimidar professores sobre conteúdo ensinado

por Felipe Mascari, da RBA 

São Paulo – O deputado estadual Carlos Giannazi (Psol) protocolou na manhã desta terça (4) uma representação no Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e outra, na Corregedoria da Câmara Municipal, contra o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM), representante do Movimento Brasil Livre (MBL). Em atitude ilegal, Holiday esteve na segunda-feira anterior em duas escolas municipais para "fiscalizar" os conteúdos desenvolvidos em sala de aula, sob o pretexto de estar investigando "doutrinação ideológica". O vereador foi às EMEFs Laerte Ramos e Constelação do Índio, ambas localizadas na zona sul.

Segundo Giannazi, membro titular da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, o mandato de vereador não dá a Holiday prerrogativa para entrar em escolas e fazer inspeção dos conteúdos lecionados. "A atitude dele é ilegal. Ele não tem essa prerrogativa, como vereador, para fiscalizar a metodologia dos professores. Isso é abuso de autoridade, além de assediar e constranger os funcionários das escolas", diz o parlamentar.

Giannazi conta que recebeu diversas denúncias dos professores de que o vereador tentou entrar em salas de aula. "Ele não é supervisor de ensino, ele não tem formação para isso. O máximo que ele pode fazer é fiscalizar a estrutura física (da escola). Ele deveria se ocupar em denunciar o desmantelamento das salas de informática e brinquedotecas que o Doria está fechando."

"A atitude dele é grave. Ele utiliza o cargo para um comportamento ilícito, é quebra de decoro e pode perder o mandato", completou.

Em nota, o Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem) afirma que Fernando Holiday assediou moralmente os docentes e cometeu crime de abuso de poder e autoridade. "O vereador sabe, ou pelo menos deveria saber, que não possui prerrogativas para exercer o papel de polícia política. Não cabe a ele também investigar o desenvolvimento de conteúdos curriculares e metodologias utilizados pelos educadores", diz o texto.

O Sinpeem também indicou às escolas municipais para que "não se submetam ao arbítrio deste ou de qualquer outro vereador, fazendo valer e defendendo os direitos dos educadores".

Para o deputado estadual, Holiday busca por em prática o projeto Escola sem Partido. "Ele tenta colocar em prática, sem nenhuma legalidade, o Escola sem Partido e amordaçar os professores. Nem o próprio projeto autoriza o vereador a fazer essa fiscalização. Ele está sendo até mais realista que o projeto."

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