Foto Joaquim Dantas/Blog do Arretadinho |
As cores da mídia brasileira – O embranquecimento como purificação do poder
Por Bajonas Teixeira em O Cafezinho
Temer ontem, no segundo dia do julgamento do TSE, amanheceu no portal UOL bem escurecido, com um véu sombrio sobre sua reputação. Mas, à medida que o dia avançou, e ficou “mais claro” que ele contaria com a maioria dos votos no TSE, rasgou-se o véu e um Temer clean e arroseado emergiu de dentro dele.
Pergunto-me quando os negros descobrirão que parte substancial da verdadeira “ideologia racial” no Brasil é contrabandeada através das imagens da mídia no jornalismo político. Para significar bandido, denunciado, desmascarado, suspeito, acuado, as imagens são escurecidas, amulatadas ou enegrecidas na mídia. Já quando se quer pintar o indivíduo como vitorioso, poderoso, limpo, inocente, ou honesto, ele é clareado e embranquecido.
Mas escurecer e clarear são técnicas e ferramentas operadas na mídia como parte do seu arsenal “comunicativo”. O clareamento ou embranquecimento artificiais funcionam às vezes como um prêmio da mídia que expressa sua gratidão, as vezes como exorcismo purificador e, em muitos casos, se usa como prova matemática de veracidade e credibilidade. Há dezenas de outras funções além dessas.
Foi nesse último caso (como prova matemática de veracidade e credibilidade) que se enquadrou a virada na imagem de Marcelo Odebrecht que passou, de repente, do mal para o bem, ou seja, de negro para branco, quando suas denúncias contra Lula e o PT foram liberadas. Tratamos do assunto no artigo Para atingir Lula e o PT mídia muda a cor do herdeiro da Odebrecht.
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