2 de jun. de 2018

BRASIL, ENTRE O HAITI E A NORUEGA, SEM TER AINDA OPTADO

(Que bom, se todos os brasileiros, soubessem disso)

Não falarei do Haiti, país por nós demais conhecido, um dos recantos mais miseráveis do mundo, com o capitalismo justificando isso como consequência de terremotos, sem dizer que lá a miséria é secular, por causa de outro terremoto, chamado capital.

Esqueçamos o Haiti, partamos para a Noruega, país pouco conhecido dos brasileiros porque pouco citado pela mídia, para não nos dar mau exemplo.

Até o final da primeira metade do século passado a Noruega era o país mais pobre da Europa, e numa situação geográfica altamente desfavorável, para piorar: seis meses com sol e seis meses com lua, em plena noite, com gelo durante o ano todo.

Viviam praticamente da pesca, no Mar do Norte, e mais nada, pouco mais que esquimós ao sul do Ártico.

De repente... Petróleo no Mar do Norte, descobriram o que poderia ser a redenção de um povo, saltando de uma economia quase de subsistência, primária, para a tecnologia de ponta.

Claro que a pressão das grandes petroleiras foi enorme, imenso, imensurável, mas resistiram e criaram uma estatal, nos mesmos moldes da Petrobras, que passou a ter o monopólio de prospecção, extração, refino e exportação.

Hoje  a Noruega tem o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do planeta, com o povo tendo o maior padrão de vida do mundo, disparadamente.

Atualmente, consequência da desvalorização do preço internacional do petróleo, estão preocupadíssimos porque o desemprego, para eles, está astronômico, chegando a quase 2%, o sonho de todos os demais países.

Pela primeira vez na história humana um país teve o PIB per capita ultrapassando os cem mil dólares, isto mesmo, e se você não entendeu, traduzo: dividindo-se o PIB norueguês pelo número de habitantes, cabe quase quatrocentos mil reais a cada um, trinta e três mil reais por mês.

As campanhas eleitorais lá não se caracterizam pelos candidatos discutirem quanto e onde investir, mas o que fazer com o dinheiro restante, após todos os investimentos necessários terem sido feitos e as despesas do governo, realizadas.

Lá o respeito ao cidadão e o dinheiro disponível é levado tão a sério, que recentemente o Estado gastou vinte milhões de dólares, quase oitenta milhões de reais, para construir uma ponte que beneficiou a só setenta e quatro moradores.

Os impostos são altíssimos, mas ganha mais votos, nas eleições quem melhor argumenta que os impostos não irão diminuir, e isso porque quase tudo é estatal, em altíssimo nível, e gratuito ou fortemente subsidiado, quase gratuito.

Salário lá é para comer e se vestir, porque o Estado garante o resto (transporte, lazer, assistência médica e dentária, aposentadoria, educação, lá, de alto nível, ou no exterior, lazer... Até o motel, se você quiser saber).

Lá as cadeias têm ar condicionado e permanecem vazias, porque apenas para bêbados e arruaceiros passarem a noite ou alguns dias, não existe furto nem roubo, por absoluta desnecessidade, todos têm o que precisam e querem.

A licença maternidade é de nove meses para a mãe e cinco meses para o pai, pagos pelo Estado, aliviando os patrões.

O salário mínimo é de 4,8 mil dólares, cerca de dezenove mil reais, praticamente para só comer, se vestir e comprar supérfluos, não se esqueça, todo o resto o Estado banca.

Hoje a Noruega tem 1% das ações de praticamente todas as bolsas do mundo, é dona de três mil e duzentas empresas espalhadas pelo mundo e o seu superávit fiscal daria para pagar a maioria das dívidas externas dos países pobres e em desenvolvimento.

Lá não existe pobre, quem ganha salário mínimo tem o padrão de vida da nossa classe média alta.

E de onde veio tanta pujança, como isso foi possível?

Toda essa riqueza veio do petróleo e ainda se sustenta no petróleo, responsável por 75% do PIB norueguês.

Como foi possível? Lá fecharam as portas do petróleo para o capital internacional, criaram uma estatal, nos mesmos moldes da Petrobras, repito, e a usaram em favor do povo, praticando o oposto do que praticamos aqui, com pobres engordando o coro dos ricos: economia de mercado! Abaixo a justiça social.

Lá não tem Temeres, Parentes, Serras, Moros... Tucanos nem tevê Globo.

A Noruega foi o primeiro país verdadeiramente social democrata, chegou onde os chineses estão fazendo um esforço hercúleo para chegar, um caminho que chegamos a trilhar, logo obstruído por um golpe de Estado.

A Noruega já é o oitavo exportador de petróleo do mundo.

No próximo artigo, ainda hoje, compararei os números noruegueses com os números brasileiros, para mostrar que temos mais petróleo que eles, que não têm minério, clima, território e população, mostrando que se fôssemos politizados e tivéssemos um pouquinho de vergonha na cara, diante de nós, por comparação, a Noruega seria um Haiti, e não o contrário, como é.

Francisco Costa
Rio, 02/06/2018.

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