Foto: Guilherme Santos/Sul21 |
Clara Assunção
Rede Brasil Atual
Neste domingo (2), completam-se 240 dias que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Paulo, após três dias de vigília, para ser recebido por outra vigília, a Lula Livre, próxima à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR).
As imagens da prisão de Lula e, principalmente, do ex-presidente sendo carregado nos braços de uma multidão, correram o mundo e indignaram juristas, personalidades políticas e artísticas nacionais e internacionais, movimentos populares e parte da sociedade civil. E a indignação se transformou em resistência para muitos.
“O ânimo das pessoas que estão ali, apesar de todas as dificuldades, continua de forma muito intensa”, afirma Florisvaldo Souza, membro da coordenação do Comitê Popular Lula Livre e do Diretório Nacional do PT, comentando sobre o estado de espírito dos apoiadores que, desde o dia 7 de abril, defendem e aguardam a liberdade do ex-presidente. “Há que se dizer que, até hoje, nunca falhou um único ‘bom dia’, ‘boa tarde’ e ‘boa noite’ ao presidente Lula (…) O sentimento continua presente em frente à Polícia Federal, e as pessoas só saem dali com o presidente Lula nos ombros do povo”, acrescenta.
Um novo pedido de liberdade feito pela defesa do ex-presidente está previsto para ser julgado nesta terça-feira (4) pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar das negativas do Judiciário apresentadas até aqui, da rejeição do registro de candidatura de Lula e do resultado eleitoral, o coordenador adianta a disposição da vigília.
“Ela é um aporte importante na luta e resistência pela democracia e pela liberdade de Lula. Portanto, se ele não sair este ano, estaremos no ano de 2019. E esta solidariedade e esta presença ao lado do presidente não vai acabar”, pontua Souza.
Ao longo desses oito meses, a mobilização em Curitiba, além de ser uma manifestação de solidariedade ao ex-presidente, se tornou um ponto de encontro daqueles que lutam contra as injustiças, com visitas do linguista Noam Chomsky, do sociólogo Boaventura de Sousa Santos, e de artistas como Chico Buarque e Martinho da Vila, entre outras personalidades. E, neste final de ano, contará ainda com a participação de apoiadores de outras diversas partes do Brasil.
Estão sendo articuladas caravanas que vão a Curitiba passar o Natal e o Ano Novo com o ex-presidente Lula, se unindo à Vigília pela sua liberdade. A iniciativa, que surgiu em São Paulo por meio da secretaria de Mulheres do PT do estado, em pouco dias conseguiu arrecadar na internet recursos para custear as despesas da viagem e permanência na capital paranaense. Logo, ganhou adesão em outros estados como Bahia, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Florisvaldo Souza destaca ainda que a coordenação tem se preparado também para receber as pessoas que vão por iniciativa individual. “Já temos confirmação de pessoas que virão do Pará, do Amazonas, do Rio Grande do Norte, do Rio Grande do Sul, gente que já está marcando para passar o Natal com o presidente Lula e também o Ano Novo”, explica.
Apesar de não poder acompanhar a caravana que sairá no final de ano, a empregada doméstica Valderia da Silva aproveitará para enviar um cartão de Natal à sede da PF em Curitiba, outra iniciativa que vem sendo organizada em solidariedade ao ex-presidente. No Rio de Janeiro, neste sábado (1º), a secretaria de Mulheres do PT organizou uma ação para coleta desses cartões.
Na carta, Valderia destaca as conquistas que obteve durante os governos do PT, agradece pela atuação de Lula e afirma sua permanência na luta. “Durante o governo, consegui construir minha casa, tive algumas garantias trabalhistas como doméstica que geralmente trabalham para pessoas que querem pisotear os direitos, então, independente dos boatos e do que acontecer, eu sou PT”, descreve.
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