20 de jan. de 2014

Obama: "maconha não é mais perigosa do que o álcool”

Obama diz que a maconha “não é mais perigosa do que o álcool”
Barack Obama fumou marijuana quando era jovem
e diz que é "um mau hábito"
SAUL LOEB/AFP

Presidente norte-americano diz-se preocupado com elevado número de condenações de pobres por fumarem maconha, quando os legisladores “provavelmente fizeram o mesmo”.
Fumar maconha é um “mau hábito e um vício”, mas “não é muito diferente” de fumar tabaco e “não é mais perigoso do que o álcool”. Esta síntese das declarações de Barack Obama à New Yorker é apenas um preâmbulo de tudo o que o Presidente dos EUA disse à revista norte-americana sobre a legalização da cannabis – mas é o que vai ficar na memória.

“Como está bem documentado, fumei a erva na juventude e acho que é um mau hábito e um vício, não muito diferente dos cigarros que fumei desde que era jovem até grande parte da minha vida adulta. Não acho que seja mais perigoso do que o álcool”, disse. David Remnick, editor da New Yorker que fez a entrevista, perguntou então se era menos perigoso. Obama recostou-se.

Remnick conta que Obama fez uma pausa longa antes de responder. E afirmou, por fim, que era menos perigosa “em termos do impacto que causa no consumidor individual”. “Não é algo que encoraje, e disse às minhas filhas que considero (fumar maconha) uma má ideia, uma perda de tempo, que não é muito saudável”, continuou.

A questão foi muitas vezes colocada na sequência da recente legalização da marijuana nos estados do Colorado e de Washington. Não sendo particularmente vanguardista, a posição de Obama reveste-se de maior importância por a cannabis ser ainda considerada, à luz da lei federal norte-americana, uma droga tão perniciosa quanto a heroína ou o ecstasy.

Segundo a CNN, a versão oficial da Casa Branca é a de que o Presidente não pretende alterar o estatuto da cannabis, que pertence ao primeiro grupo de substâncias controladas nos EUA. No entanto, apesar de sublinhar o fato de ver o seu uso como algo negativo, Obama está longe de considerar a marijuana como uma “droga pesada” na entrevista publicada neste domingo.

O que incomoda Barack Obama é a diferença de tratamento dada atualmente aos consumidores de maconha pelo sistema judicial norte-americano. “Os jovens de classe média não são detidos por fumar a erva, os jovens pobres são”, disse. “Os jovens afro-americanos e os jovens latinos têm mais probabilidades de serem pobres e menos probabilidades de ter os recursos e o apoio (necessário) para evitar sentenças excessivamente duras.”

“Não devíamos prender jovens ou consumidores individuais por longos períodos de tempo quando algumas das pessoas que  fazem essas leis fizeram provavelmente a mesma coisa”, atirou. Obama entende que “é importante para uma sociedade não ter uma situação em que uma grande parte das pessoas violou a lei num momento ou noutro e só um grupo seleto é punido”. O Presidente pretende sobretudo tornar este processo mais justo.

Barack Obama receia que a legalização da marijuana faça surgir “alguns problemas difíceis de fronteira”. “Se a maconha for completamente legalizada e a determinada altura as pessoas começarem a dizer ‘Bem, podemos chegar a uma dose negociada de cocaína que conseguimos demonstrar que não é mais nociva do que vodka’, estamos abertos a isso? Se alguém disser ‘Temos uma dose finamente calibrada de metanfetamina, que não te vai matar nem apodrecer os dentes’, estamos OK com isso?”

fonte http://www.publico.pt/

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