É preciso tomar ciência que o conflito está instalado, se não formos pra cima, a direita atropela geral
De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
Há três anos, na belíssima Saquarema, no Rio de Janeiro, a minha querida Sandra Cabral me dizia entre uma cerveja e outra, que "o conflito será inevitável, camarada", referindo não mais à luta, mas ao conflito de classes no Brasil.
Após derrotarmos a ditadura militar, a verdadeira esquerda brasileira, aquela que mesmo não tendo empunhada armas, permitiu que uma parcela significativa da população integrasse os seus quadros e se autodenominasse "de esquerda". O problema é que essa parte da população nunca soube o significado de ideologia, ao menos tinham um lado, colaboravam com a ditadura passivamente embora nutrisse um sentimento por mais liberdade. Resumindo, "maria vai com as outras".
Acontece que essa parcela da população criou seus filhos com o mesmo discurso oportunista de ir por onde a maré levar ou dançar conforme a música tocada. Por outro lado, a esquerda chegou ao poder e continuou com o velho jogo do "eu finjo que falo a verdade e você finge que acredita", não falou a verdade com as letras certas.
O Brasil avançou, tiramos milhões de brasileiros da miséria, as socialites deixaram de levar seus filhos e netos à Disney porque os porteiros de seus prédios já podiam levar os filhos deles também. As madames trocaram de perfume para não serem confundidas com suas empregadas.
Só em 2012, de acordo com dados do Censo da Educação Básica do Inep/MEC, existimm no Brasil 8.376.852 matriculados no ensino médio. Já no médio técnico tínhamos pouco mais de 1,3 milhão de alunos em todo o país. Juntando os dois níveis, médio + médio técnico, tínhamos mais de 9 milhões de alunos naquele ano.
De 2002 a 2012, o número de alunos na educação superior dobrou, passando de 3,5 para 7 milhões. Já o total de concluintes deu um salto de 119%, passando de 479.275 para 1.050.413. É importante ressaltar o número de licenciados com o diploma na mão: 130.790 (12,5% do número total de formados), podendo exercer o cargo de professor no ensino médio.
É fato que muita coisa melhorou no país, o povo não enfrenta tanta dificuldade hoje quanto enfrentava nos anos de chumbo ou nos governos Sarney, Collor e FHC, mas esquecemos de enfrentar a grande mídia, que sempre representou as elites e defendeu seus interesses. Essa mesma mídia soube manipular muito bem os filhos daquela esquerda oba-oba que me referi no começo e os colocou nas ruas para protestarem contra quem lutou para que eles tivessem esse direito e contra o governo que lhes proporcionou uma melhor condição de vida.
Mas a dona esquerda continuou acomodada em seus gabinetes chapa branca, esqueceu as ruas, as fábricas e os grêmios estudantis. Agora que o conflito está instalado, com a eleição do Congresso mais conservador que já tivemos em tempos de democracia, o que devemos fazer?
Eu digo que o enfrentamento é a melhor resposta, nas conversas de butiquim, no táxi, no ônibus e nos grupos de WhatsApp. Eu não me calo, retruco, enfrento. E como disse o deputado Rubens Pereira Júnior, PCdoB/MA, quando o deputado Alberto Fraga, DEM/DF, fez apologia à violência contra a mulher e ameaçou deputados de esquerda, eu digo aos reaças de plantão: "como se diz lá no Maranhão, pode vir que é três palitos".
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