6 de mar. de 2019

Eis o governo Bolsonaro, à sua imagem e semelhança

por LAUREZ CERQUEIRA no 247
Autor, entre outros trabalhos, de Florestan Fernandes - vida e obra; Florestan Fernandes – um mestre radical; e O Outro Lado do Real

Sem projeto e à deriva, o governo se desintegra num turbilhão de erros e contradições inimagináveis. No Congresso, não consegue sequer articular a base de sustentação, mesmo o PSL, partido de Jair Bolsonaro, tendo a maior bancada na Câmara.

Sob investigação do Ministério Público por denúncia de uso de "candidaturas laranja" para desviar dinheiro do fundo partidário, o PSL tornou-se uma bola de ferro amarrada no pé do governo.

Arma-se o balcão de negócios, a velha política do "toma lá, dá cá", mas mesmo assim não dá liga. Está instalada a incerteza com o futuro do governo, o racha na cúpula militar e o duplo comando. Além disso, nada proposto para a saída da crise econômica e social.

No desmoralizado judiciário, as forças políticas internas alinhadas com o golpe de Estado, com o governo e seu representante, o ex-juiz e ministro da Justiça, Sérgio Moro, dissolvem as bases da justiça, inscritas na Constituição de 1988, e mergulham no mar da indecência. Mantém o ex-presidente Lula preso, condenado sem provas, e, livres, corruptos de estimação de certos magistrados: Michel Temer, Aécio Neves, José Serra, Aloysio Nunes, Romero Jucá, e tantos outros que no los puedo contar. Talvez por serviços prestados ao golpe.

No Executivo, os ministros do governo Bolsonaro têm sido lembrados predominantemente pelo despreparo, pelas trapalhadas, revezes, por estarem sendo investigados por corrupção, ou pela bizarrice. A incompetência demonstrada, inoperância e decisões atabalhoadas estão colocando o Brasil no rol de países de governos caricatos.

O caso mais emblemático é, sem dúvida, o próprio Jair Bolsonaro, apontado como neófito, "desprovido das condições mínimas para o exercício do mandato presidencial" pelo conservador jornal O Estado de São Paulo, em editorial, logo após a desastrosa participação dele no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Percebendo o desastre, outros jornais, TVs e rádios começam a apontar os erros do governo.

No governo, montado à imagem e semelhança de Bolsonaro, ministros como Damares Alves ganham notoriedade por tolices e aberrações, tornam-se figuras folclóricas e motivo de chacota mundo afora.

Ernesto Araujo, com sua diplomacia servil, tenta empurrar o Brasil para o conflito com a Venezuela. Ele e o chefe, Jair Bolsonaro, foram desautorizados publicamente pelo vice, Hamilton Mourão, de forma constrangedora, nas reuniões de Bogotá e Lima. Ou seja, o desgoverno transborda pelas fronteiras do país.

Araujo e Bolsonaro criam problemas diplomáticos e comerciais no oriente médio, manifestando apoio a Benjamin Netanyahu, indiciado pelo Ministério Público israelense por dois crimes de corrupção, e com a ideia de mudar a embaixada do Brasil para Jerusalém (Exportações para 22 países da Liga Árabe, US$ 9,3 bilhões); criam problemas com a China, nosso maior parceiro comercial (US$ 53,2 bilhões); e com o Mercosul (US$ 18,8 bilhões, em 2018).

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