3 de jun. de 2020

A gente reclama, reclama, mas o Brasil está vacinado, pelo menos para algumas coisas.

Em outro momento, todo mundo iria cair que nem patinho nesses movimentos de bilionários e banqueiros pela "democracia". 

Todo mundo querendo encaixar uma "marca" para tirar proveito da queda de Bolsonaro (que nem está tão mais garantida assim, como eles pensam). 

É 'Somos 70%', é 'Estamos Juntos', é Pacto pela Democracia', é o diabo. 

Palavras edificantes, conteúdo zero. 

A história dos 'Somos 70%' é péssima, uma temeridade política, histórica e conceitual.

Só para início de conversa, esse "conceito" poderia ter valido para o "impeachment" de Dilma Rousseff, quando Dilma tinha também 70% de rejeição. 

Já pensou, sempre que um presidente cair em popularidade, a gente se engajar em um movimento calcado em pesquisas de opinião? 

É uma espécie de 'parlamentarismo branco', tão ao gosto das nossas elites. 

No Brasil, existe um troço maluco chamado "direita estrutural". O sujeito se sente infeliz em pertencer à direita porque lhe falta aceitação social e afeto e seu pobre superego quer forçar uma nova identidade mais à esquerda (diante das evidências do fracasso técnico e moral da direita). 

Mas a "direita estrutural" que lhe habita a existência fala mais alto - e concebe-se um "movimento" com cara, focinho e orelha de direita, mas com uma etiquetazinha mórbida de esquerda no dedão do pé. 

Sobre o 'Estamos Juntos' e o 'Pacto pela Democracia', não há necessidade de muito esforço para entender. São os golpistas bilionários que detestam a democracia querendo se descolar do nazismo de Bolsonaro. 

É reprise escarrada do drama dos bilionários que financiaram o nazismo alemão e depois tentaram se safar com filantropias e discursos edificantes (que também lhe serviam para lavagens múltiplas de dinheiro). 

O momento exige muita coragem e responsabilidade. 

Mais uma vez, temos a sorte de termos um Lula para desmascarar os oportunistas de sempre, com um mero "não". 

As elites brasileiras estão em pânico - porque a queda de Bolsonaro empurra o país para os braços da esquerda. 

Não se pode superar Bolsonaro a qualquer custo. A ideia de deixar o STF e a Polícia Federal fazerem o "serviço" não me parece tão ruim. 

O Congresso viria a reboque, isso já ficou claro. 

É por isso que os setores que não toleram a soberania popular se desesperam e criam "movimentos" para auxiliar na reacomodação de suas marcas quando Bolsonaro for alçado oficialmente à posição de maior vergonha da história do Brasil. 

Bolsonaro é para o Brasil o que o nazismo foi para a Alemanha. Quem diz isso não sou eu, mas o decano do Supremo Tribunal Federal (com palavras, talvez, até mais duras). 

Relembrando: o maior medo dessa elite empresarial e política brasileira é derrubar Bolsonaro sem um plano de contingência para o day after. Daí os movimentos 'barriga de aluguel' (que tapeiam muita gente bem intencionada). 

Traduzindo: o maior empecilho ao empuxo que defenestrará Bolsonaro da história é o antipetismo estrutural desses setores - ou a anti soberania, a anti democracia, a anti política. 

É por isso que os movimentos dignos de respeito e atenção neste momento crítico da história brasileira não podem vir de cima para baixo - nem das burocracias partidárias apodrecidas. 

O movimento que dará sentido ao esmagamento do fascismo bolsonarista tem obrigatoriamente de ser popular, das periferias, dos desempregados, dos subtrabalhadores, do negros, das comunidades LGBT, dos índios, dos moradores de rua, dos catadores de papel. 

O país já está saturado e extenuado desses movimentos tubos de ensaio gestados em 'insights geniais' do ócio soberano da nossa sub intelectualidade covarde. 

Sem povo, não dá. 

É bom a gente entender isso.

Gustavo Conde

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