Movimentos Pró Palestina repudiam Rede Globo por causa de personagem de "Amor à Vida"
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| foto Rede Globo |
De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
Uma nota de repúdio à Rede Globo foi divulgada pelos Movimentos Pró Palestina, por causa de personagens da novela "Amor à Vida", exibida nas noites de segunda à sábado.
As personagens Pérsio (Mouhamed Hartouch) e Rebeca (Paula Braun), enfatizam a legitimidade da ocupação do território palestino por Israel.
As Entidades afirmam na nota que o roteiro da novela “legítima à ocupação e apartheid israelenses que já duram 66 anos”, porque “todas as vezes em que é feita referência à Palestina, fala-se em guerra, o que pressupõe dois lados iguais disputando um território. Na verdade, é uma distorção da realidade: tem-se um opressor e ocupante, Israel e um oprimido, o povo palestinos.”
Mais uma vez a política de manipular a informação é utilizada pela emissora, distorcendo a história e confundindo a opinião pública, reforçando que o que está valendo como verdade é a opinião publicada.
A chegada da ideologia sionista à Palestina
O sionismo foi um movimento político surgido no século XIX que defendeu o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado judaico no território onde historicamente existiram os antigos reinos de Israel e Judá.
Dá-se que o sionismo desenvolveu-se num período histórico marcado pelas ideologias nacionalistas, bem como pelo crescimento do anti-semitismo. Uma das figuras mais importantes do movimento sionista é Theodor Herzl, jornalista judeu austro-húngaro, que marcado pelo caso Dreyfus, publica em 1896 Der Judenstaat (O Estado Judeu) na qual propõe a criação de um Estado para os judeus.
O sionismo adquiriu um aspecto institucional em 1897, ano em que teve lugar, em Basileia (Suíça) o primeiro congresso sionista, do qual resultou a formação da Organização Mundial Sionista. Foi ainda neste congresso que se confirmou a opção da Palestina como local de fundação do estado judaico. Entretanto, os primeiros imigrantes judeus, ligados ao movimento russo Bilu, já tinham chegado à Palestina em 1882, onde fundaram colônias.
A colonização judaica da Palestina deu-se a princípio pacificamente mas foi vista com apreensão pela população nativa, dado o grande número de estrangeiros que chegava à região, e devido a ideologia predominante entre os árabes a favor da criação de uma "Grande Síria", correspondendo às regiões que hoje são os estados da Síria, Libano, Israel, Jordânia e as regiões da "Faixa de Gaza" e Cisjordânia.
Com a intensificação da migração de judeus para a Palestina houve uma escalada de violência na região, com a formação de grupos paramilitares judeus e palestinos. Em 1948, com a declaração de independência do Estado de Israel, principia o conflito entre Israel e os Árabes.
Íntegra da nota de repúdio:
Não à falsificação histórica sobre os palestinos na novela da Globo
Nós, organizações reunidas na Frente em Defesa do Povo Palestino-SP, nos comitês de outros estados, bem como demais entidades abaixo-assinadas, repudiamos veementemente a forma como os palestinos são representados na novela “Amor à Vida”, da TV Globo. Sua resistência legítima à ocupação e apartheid israelenses que já duram 66 anos é retratada como terrorismo contra vítimas inocentes nos diálogos entre um personagem palestino, Pérsio (Mouhamed Hartouch), e uma judia (Paula Braun). Todas as vezes em que é feita referência à Palestina, fala-se em guerra, o que pressupõe dois lados iguais disputando um território. Na verdade, é uma distorção da realidade: tem-se um opressor e ocupante (Israel) e um oprimido (palestinos). Em nenhum momento, a novela faz referência ao muro do apartheid, aos inúmeros postos de controle a que estão submetidos os palestinos, bem como às leis racistas que lhes são impostas e à limpeza étnica e ataques contínuos contra eles.O diálogo que inaugura essa farsa é permeado por desinformação e manipulação da verdade. Rebeca chega a afirmar que há muitos casais judeus e palestinos em Israel, como conviria a qualquer Estado democrático. A verdade é que Israel foi criado em 1948 como um Estado exclusivamente judeu, um entrave à democracia, já que esses têm tratamento diferenciado. Desde então, a própria convivência está comprometida. O apartheid imposto aos palestinos impede até que vivam no mesmo bairro. Os palestinos que vivem onde hoje é Israel (território palestino até 1948, ano da criação desse Estado exclusivamente judeu) são considerados cidadãos de segunda ou terceira categoria, discriminados cotidianamente, e as leis que valem para eles não são as mesmas que valem – e privilegiam – os judeus. O apartheid é explícito e amparado por uma legislação que fere o direito internacional.Em 1948, ano que na memória coletiva árabe é conhecido como “nakba”, a catástrofe, foram expulsos de suas terras e propriedades cerca de 800 mil palestinos e aproximadamente 500 aldeias palestinas foram destruídas para dar lugar a Israel. Massacres cometidos por grupos paramilitares sionistas, contra agricultores palestinos desarmados e sem treino militar, são hoje comprovados. Os palestinos têm sido desumanizados desde o início da colonização de suas terras. Essa contextualização histórica também ficou fora da telinha.O autor de “Amor à vida”, Walcyr Carrasco, reforçou, assim, mitos que são denunciados por vários historiadores, inclusive israelenses, como Ilan Pappe, em seu artigo “Os dez mitos de Israel”. Entre eles, o mito de que a luta palestina não tem outro objetivo que não o terror e que Israel é “forçado” a responder à violência. Segundo ele, a história distorcida serve à opressão, à colonização e à ocupação. “A ampla aceitação mundial da narrativa sionista é baseada em um conjunto de mitos que, ao final, lançam dúvidas sobre o direito moral palestino, o comportamento ético e as chances de qualquer paz justa no futuro. A razão é que esses mitos são aceitos pela grande mídia no Ocidente e pelas elites políticas como verdade.”O Brasil não é exceção. Na contramão da campanha global por boicotes ao apartheid israelense, o governo federal se tornou nos últimos anos o segundo maior importador de tecnologias militares da potência que ocupa a Palestina e porta de entrada dessa indústria à América Latina. E sua cumplicidade com a opressão, a ocupação e o apartheid a que estão submetidos os palestinos é justificada a milhares de espectadores desavisados da novela da Globo, através de um discurso que reproduz a versão falsificada da história e se fortalece perante a representação orientalista – em que os árabes seriam “orientais” bárbaros e atrasados, ante cidadãos “pacíficos e civilizados”.Como detentora de concessão pública (o espaço eletromagnético está na Constituição Federal, como um bem do povo) e ciente de que as telenovelas moldam comportamentos, ideias e conceitos ou ajudam a reforçar preconceitos e discriminações, a Globo comete erros históricos graves, injustiças ao povo palestino em particular e aos árabes em geral e um desrespeito ao seu público ao desinformá-lo. Denunciamos publicamente essas distorções e exigimos que a Globo se retrate nos próximos capítulos de “Amor à Vida”, programa de maior audiência da TV brasileira.Frente em Defesa do Povo Palestino-SP / BDS BrasilCentro Brasileiro de Estudos do Oriente MédioComitê Brasileiro de Defesa dos Direitos do Povo PalestinoComitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de JaneiroCentro Cultural Palestino do Rio Grande do SulComitê Gaúcho de Solidariedade ao Povo PalestinoSociedade Árabe Palestino Brasileira de CorumbáComitê Democrático Palestino – BrasilComitê Pró-HaitiTribunal PopularGTNM-SP – Grupo Tortura Nunca Mais do Estado de São PauloCiranda Internacional de Comunicação CompartilhadaRede Mulher e MídiaIntervozes – Coletivo Brasil de Comunicação SocialAssociação Islâmica de São PauloUNI – União Nacional das Entidades IslâmicasICArabe – Instituto da Cultura ÁrabeFST-SP – Fórum Sindical dos Trabalhadores-SPCSP-Conlutas – Central Sindical e PopularAnel – Assembleia Nacional dos Estudantes LivreUJC – União da Juventude ComunistaPCB – Partido Comunista BrasileiroPSOL-SP – Partido Socialismo e LiberdadePSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores UnificadoMST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem TerraMopat – Movimento Palestina para Tod@sColetivo Periferia, Nossa Faixa de GazaColetivo de Mulheres Ana MontenegroMarcha Mundial de MulheresMovimento Mulheres em LutaMovimento Nacional Quilombo Raça e ClasseAlessandra Cavagna, atriz, dramaturga e diretora teatralCid Barbosa Lima Junior, engenheiroClovis Pacheco F., jornalista, sociólogo e professor universitárioFrancisco Horus Moura de Almeida Pacheco, estudante

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