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Professores agredidos cobram medidas concretas contra crimes de ódio“Alguma coisa precisa ser feita antes que pessoas sejam agredidas fisicamente e mortas”, alerta a professora da Unicamp, agredida por vizinho anti-PT
O casal de professores aposentados da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Walquiria Domingues Leão Rego e Rubem Leão Rego foi agredido pelo vizinho na última sexta-feira (11). O motivo seria o apoio dos moradores ao Partido dos Trabalhadores e à presidenta Dilma Rousseff.
Walkiria é autora do livro “Vozes do Bolsa Família – Autonomia, dinheiro e cidadania”, sobre os impactos do programa Bolsa Família na vida dos beneficiários, principalmente das mulheres, titulares do benefício.
Por sorte, o caso não terminou em tragédia. Desde o outubro do ano passado, os educadores sofrem agressões verbais do morador do mesmo prédio, que, segundo relatos, “por muito pouco” não atropelou a filha do casal que chegava ao local para visitar os pais.
Para Walquiria Leão, o Brasil vive uma época de ódio e intolerância muito grande e que se alguém não fizer nada corre-se o risco de eleitores do PT serem mortos. “Alguém precisa fazer alguma coisa antes que cheguemos a esse ponto extremo das pessoas serem agredidas fisicamente e mortas”, alerta.
Quando o casal foi fazer o boletim de ocorrência em uma delegacia próxima, o vizinho agressor, de 70 anos, estava no local e continuou os xingamentos e humilhações aos professores.
Segundo Walquiria, o escrivão que fez a ocorrência “se sentiu no direito” de comentar sobre a corrupção, também agredindo o casal.
“Um garoto com menos 30 anos se sentiu autorizado no espaço de trabalho dele, cheio de gente esperando para fazer o boletim de ocorrência, de pedir para falar conosco e dizer que acha mesmo o PT corrupto, assim como o governo Dilma. Nós ficamos em silêncio porque não sabíamos se era conveniente respondê-lo. Podia ser uma provocação para nos prender por desacato a autoridade”, afirma.
“Nós ficamos muito mal. As pessoas se sentem absolutamente legitimadas e a vontade para fazer essas perseguições”, completa.
O casal está buscando um advogado comprometido com a defesa da democracia e a tolerância, mas se diz com medo. “Ele mora no andar de baixo e sou obrigada a encontrá-lo no elevador e na garagem. Estamos assustados e com medo”, confessa.
Walquiria afirma que essas agressões estão sendo generalizadas, sobretudo em São Paulo, e é necessário dar a essas pessoas que são agredidas, verbalmente ou fisicamente, informações de onde procurar ajuda e instrução de como agir.
A pesquisadora pede ainda que quem tiver informação sobre advogados, ou algum escritório, que possa atender vítimas deste tipo de crime de ódio, que entre em contato.
“Saberíamos a quem recorrer. Nós, eleitores do PT, estamos nos sentindo agredidos, acuados e ninguém está fazendo nada”, conclui.
O caso
No último dia 11 de setembro, ao encontrar a filha do casal de professores na garagem do condomínio onde moram, um vizinho proferiu insultos, entrou em seu veículo e deu ré em alta velocidade em direção a jovem. Em seguida, seguiu, ainda em alta velocidade, para fora do prédio, “correndo o risco de atropelar alguém que pudesse estar passando pela calçada”, relata Walquiria.
O episódio foi filmado pelas câmeras de segurança da garagem do condomínio, e também foi testemunhado pelo porteiro do local.
As agressões ao casal começaram na época das eleições no ano passado, quando os professores da Unicamp colocaram em sua casa adesivos de apoio ao Partido dos Trabalhadores e a presidenta Dilma Rousseff. “Se ele não soubesse que fossemos eleitores do PT, ele não nos agrediria. Ele não agride mais ninguém no prédio”, explica Walquiria.
Ela conta que não tinha noção de que o ódio dos opositores estava tão grande a ponte de insultar, ameaçar e agredir.
Por Danielle Cambraia, da Agência PT de Notícias
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