MICHAEL MELO/METRÓPOLE |
Na nova proposta, houve uma readequação no desenho dos pilares, principal questão levantada pelo órgão de fiscalização do tombamento
Em reunião ocorrida na tarde desta quinta-feira (10/5), no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o GDF cedeu. A equipe do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) apresentou um novo projeto de recuperação do viaduto da Galeria dos Estados, que desabou em 6 de fevereiro, para atender os ajustes solicitados pelo órgão responsável por zelar do tombamento de Brasília. Na nova proposta, houve uma readequação no desenho dos pilares. Os detalhes das alterações não foram divulgados até a publicação desta reportagem.
O pedido de reconsideração será apresentado formalmente até terça (15) ao Iphan, que se comprometeu a analisar a nova versão em até 10 dias após o seu recebimento. Mais cedo, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) reforçou o coro contra o primeiro projeto do GDF.
Conselheira do Icomos para o Centro-Oeste, Emilia Stenzel explica que a proposta foi reprovada porque fere as normas para restauração de monumentos e, portanto, também vai em oposição ao tombamento da capital da República.
O Icomos é uma ONG global ligada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que visa a promoção da conservação, proteção, o uso e a valorização de monumentos, centros urbanos e sítios.
Emilia Stenzel revela que o Icomos estava preocupado com o assunto, pois esse projeto poderia abrir precedente para a descaracterização de outras construções do conjunto urbanístico de Brasília. “Não é culpa do governador, Brasília não tem histórico de restauração dos monumentos”, apressou-se em explicar.
Segundo a conselheira, havia alternativas para preservar a característica original da construção viária e ainda garantir a segurança. “Temos pareceres técnicos de UnB (Universidade de Brasília) com possibilidade evidente de reconstituir o mesmo perfil”, lembrou.
A decisão do Iphan de não aprovar o projeto foi tomada na segunda (7), após consulta a arquitetos e engenheiros da UnB. A superintendência do órgão no Distrito Federal não aprovou o projeto apresentado pelo DER-DF e pela Novacap “por entender que altera fortemente a arquitetura original e compromete a integridade arquitetônica e urbanística e, por extensão, do conjunto da Plataforma Rodoviária e sistema viário complementar”.
Pilares
Conforme revelou o Metrópoles no mês passado, o projeto de reconstrução previa uma mudança arquitetônica nos pilares de sustentação da estrutura. A proposta estabelecia a ampliação das oito colunas. Dessa forma, justificou o governo, seria eliminado o balanço do elevado, ou seja, o vão entre o pilar e a lateral da laje.
O GDF optou pelos grandes pilares porque preferiu não demolir o viaduto, indo contra sugestão de uma comissão formada por especialistas da UnB. O projeto híbrido, como chama a equipe do Buriti e que tem a chancela do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), previa a instalação de uma laje maciça, de 28mx198m, sem juntas de dilatação, sobre a atual estrutura de concreto armado.
O problema é que os pilares foram utilizados sem coerência com a concepção arquitetônica de Brasília, dizem especialistas. Mais distribuídos e menores, garantem a democratização da circulação. Mesmo conceito utilizado nos pilotis dos prédios residenciais do Plano Piloto. A disposição cria generosos espaços livres, permitindo a visualização da cidade. Com nova proposta, será impossível enxergar sequer o outro lado da via.
do Portal Metrópoles
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