Com a decisão do governador do Distrito Federal, Ibaneis Roch (PMDB), de autorizar o retorno das aulas presenciais nas escolas Públicas e particulares no final deste mês de julho, a comunidade escolar do DF, principalmente do Gama, foi tomada de grande apreensão por causa do risco a que os alunos serão expostos a pandemia do corona vírus.
Do Gama
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
Mesmo que o decreto do governador determine medidas de segurança, como o uso de máscaras, alunos, pais e profissionais da Educação não se sentem confiantes nem seguros para esse retorno as salas de aula, praticamente forçado, imposto pelo governador.
Os dados divulgados pela secretaria de Saúde do DF, indicam claramente que a chamada "curva de contágio" da doença está longe da diminuição minimamente aceitável, pelo contrário, continua em crescimento portanto, pra quê essa sangria desatada do governo em expor ao contágio profissionais, alunos e familiares de maneira tão desnecessária?
Diante desta situação tão grave leitores do jornal gamense O Canhoto, enviaram centenas de mensagens declarando-se contrários a volta das aulas presencias enquanto a pandemia não estiver sob controle. Entre os leitores que se manifestaram contrários ao decreto do governo do DF, destacam-se alunos e seus familiares, além dos profissionais da Educação que, de forma organizada, redigiram um manifesto público para que a sociedade como um todo tome conhecimento da situação.
Confira abaixo o manifesto:
Para as famílias e estudantes do Gama, urgente!
Já são quase 67 mil mortes no Brasil. Mais de 700 no DF. Em agosto, a tragédia poderá ser ainda maior. Temos poucos dias para evitar isso.
O governador Ibanez assinou decreto que impõe reabertura do comércio e retorno das aulas Presenciais. Até dia 03 de agosto, tudo no DF estará funcionando como se a COVID-19 não existisse e não estivéssemos enfrentando a maior crise sanitária da história do país. Na educação, estudantes e profissionais somam meio milhão de pessoas.
Ou seja, no mês anunciado por pesquisadores como pico da pandemia no DF, em plena curva de ascensão de infectados e mortos (batemos recordes diariamente), 500 mil pessoas estarão circulando em salas de aula e corredores de escola.
Os burocratas que vivem trancados em seus escritórios pedindo comida pelo Ifood insistem em dizer que é possível um esquema de segurança para as aulas voltarem. Mas realidade é outra!
Sabemos de várias pessoas que se contaminaram em escolas no DF no período de isolamento. Tem casos no CEF11, no CEM02, na EC01, etc. Houve, inclusive, registro de morte de funcionária na Samambaia. Imagine com a abertura! É preciso entender que os jovens estudantes vivem com suas famílias, compostas por pessoas as mais diversas: idosos, doentes, crianças, gente que trabalha fora, gente que trabalha em casa. É um universo! Se cada estudante conviver com 3 pessoas da família, isso formará uma rede de 1,5 milhão de contatos para a circulação do vírus.
É jogar no time do Corona contra nós mesmos e pôr em risco a vida de milhares de pessoas: trata-se de nossos pais, avós, tios, irmãos, primos, amigos e colegas. Não somos números.
A agenda de reabertura “organizada” pelo GDF está longe de ser algo cuidado e pensado para a nossa saúde.
O governador se rendeu à pressão dos grandes e dos ricos: empresários dos vários ramos, inclusive da educação--mercadoria-privada. Primeiro abrirá o comércio e, exatamente duas semanas depois, quando o vírus tiver circulado bastante e contaminado trabalhadoras e trabalhadores, abre-se as escolas!
Muito bem pensado para pulverizar o vírus em nossas caras.
Será, sem dúvida, sem alarmismo, a maior explosão de contágio que as periferias já viram desde março!
É a previsão com base na realidade da pandemia: diante da curva atual, os casos irão dobrar até agosto e se nada for feito, poderá mais que triplicar durante o mês do retorno à suposta normalidade.
Em mortes, isso pode significar mais 10 mil vidas perdidas.
COMO PARAR O ABSURDO E PROTEGER AS
FAMÍLIAS DO GAMA?
Com a recusa do retorno! É greve de estudantes!
Não existe nenhuma possibilidade de a Secretaria de Educação conseguir dar conta da higiene, da distância, de nada. Estamos falando de escolas em que professoras fazem vaquinha para comprar papel para imprimir provas e melhorar o lanche dos estudantes. Teremos álcool em gel? Máscaras? Luvas?
Quem mais morre é gente pobre, preta, das periferias, exatamente o perfil de nossas escolas. O Sinpro tem se organizado para tentar barrar o retorno. Em conjunto com os sindicatos das categorias do comércio, está havendo mobilização contra a “agenda de abertura da morte”. As chances de sucesso são pequenas.
Uma verdadeira mobilização contra o retorno às aulas só poderá ocorrer se partir dos
estudantes e com apoio de suas famílias. Por isso, ATENÇÃO VOCÊ MATRICULADO EM ESCOLAS PÚBLICAS DO GAMA:
1. É impossível construir AGORA um ambiente “acolhedor e agradável” na escola, como se lê no tal plano de retorno. Estudar com medo não é se preocupar com o aprendizado.
2. A Secretaria de Educação mente quando diz que uma equipe conseguirá, NESSA SITUAÇÃO, garantir “acolhimento e empatia”. Estamos caminhando para hospitais sem UTI´s e sem anestesia.
3. A Secretaria de Educação não respeita a orientação da Secretaria de Saúde, de pesquisadores de universidades, da FIOCRUZ, da OMS, da ASSOCIAÇÃO DE PEDIATRIA. Todos têm alertado que NÃO SE DEVE VOLTAR EM HIPÓTESE ALGUMA ÀS AULAS enquanto não se baixar a curva de contágio.
4. É impossível fazer os reparos em estrutura e equipamentos nas escolas para o retorno seguro a essa altura.
5. A organização proposta em 3 horas de aula diária não faz a mínima diferença. As salas são pequenas e nem com a metade dos alunos será possível evitar a circulação do vírus.
6. A Secretaria de Educação mente ao dizer que “cada escola tem sua peculiaridade e isso será considerado”. Nem o Sinpro foi ouvido e isso mostra que estamos sendo forçados
a correr risco de vida.
7. Não há dinheiro para comprar dispensers ou totens de álcool em gel. Até hoje não chegaram os pacotes de dados para estudantes que não tinham internet para aulas virtuais.
8. Mesmo que servidores do grupo de risco e com comorbidades sejam mantidos em casa, é preciso pensar nos familiares dos estudantes, que também podem ser do grupode risco. Ou a Secretaria de Educação vai pô--los também em “segurança”? NÃO! Estarão dentro da imensa rede de contágio criada pelo retorno às aulas.
Qualquer país que teve conduta decente na pandemia CANCELOU AS AULAS. Se ainda temos a estrutura criada para as aulas à distância, mesmo que capenga e com dificuldades, por que não seguir usando as plataformas virtuais? Para quê expor nossas vidas assim?
Não seremos cobaias! Sabemos quem morre nessa pandemia! Sabemos que estão nos usando para criar imunidade de rebanho!
Sabemos que não há mais vagas de UTI nem anestesia nos Hospitais públicos! Sabemos que o ano escolar se recupera, as vidas não!
Nota da Redação: a escrita do nome do governador foi sob consulta a página do GDF
Nota da Redação: a escrita do nome do governador foi sob consulta a página do GDF
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