Mano Brown: Ocupação Mauá é a unha encravada de São Paulo
O MC Mano Brown, do Racionais MCs, visitou um edifício ocupado por trabalhadores sem-teto, no número 360 da rua Mauá, no centro de São Paulo, para a gravação do clipe Marighella, na quinta-feira (17).
Hotel abandonado no centro, onde moram mais de 1.300 sem-teto, virou cenário de clipe do Racionais/ Foto: Carlos Cecconello/Folhapress
Em discurso à comunidade, Brown disse o problema do país é a distribuição de terra e a garantia de moradia.
"A luta do Brasil é a distribuição de terra. Só que muitos deles que falam da distribuição de terra são latifundiários também. Tem muita terra improdutiva lá. Por que eles são herdeiros dos caras que tinham muita terra. E eles não dividem terra com ninguém", falou Brown.
O MC do Racionais atacou o candidato pelo PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, o atual prefeito Gilberto Kassab e o governador do estado Gerando Alckmin. "Existe direita. Kassab é direita, Alckmin é direita"
"O problema do Brasil é moradia. Se a gente tiver espaço, um quintal razoável pros nossos filhos poderem correr, crescer com saúde. (...) Só queremos espaço pra viver - nem melhor nem pior, mas igual", defendeu. Na próxima eleição, presta atenção. Porque vi vários manos votar no Serra, que depois passou o bastão pro Kassab que tá fazendo isso aí".
Em entrevista à TV Folha, ele disse: "o Marighella falava sobre isso: reforma agrária, divisão das terras, justiça social.
E aqui é como se fosse a unha encravada da cidade. É um problema que eles [poder público] não querem, não têm sensibilidade para resolver como deveriam".
Questionado sobre a questão da Cracolândia, ele disse: "isso se chama especulação imobiliária. Já fizeram isso em São Paulo no começo do século 20. Fizeram isso no Rio de Janeiro, no Bronx, em vários lugares. É um lance racial. São Paulo foi forjada assim. O que a gente tá vivendo aqui é resquício da época da escravidão, são as mesmas fórmulas. Eles querem 'limpar', sumir com o problema, e não resolver. Acho que eles [sem-teto] têm que lutar mesmo. Não tem que demarcar território para A, B ou C. Se eles estão vivendo aqui, eles têm que continuar aqui. E o rap deve ajudar. Eu sei que eu tenho um peso e que eu posso colaborar".
Abaixo, ouça a música Marighella, em homenagem ao militante comunista que faria 100 anos em 5 de dezembro de 2011, que teve uma militância política de mais de 30 anos nas fileiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e atuou na guerrilha urbana, quando foi assassinado pela ditadura em 1969:
Com informações da Página do MST e da Folha de S. Paulo
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