2 de jul. de 2012

RELATIVIDADE POR RICARDO IRIGOYEN

Relatividade
Ricardo Irigoyen

Tudo é relativo. Depende do ponto de vista. Frases feitas, quase sempre servem para justificar o injustificável. Lula e Maluf juntos. Cachoeira e Demóstenes parceiros. Maias e Garotinhos aliados. Collor presidente de uma CPI. No universo das relações humanas tudo é possível, até o que parece impossível. No mundo da política então, o inimaginável. Graças a Deus de tempo em tempo surge uma esperança: - Com isso eu não compactuo. - Há um limite para tudo. Só posso dizer: - Muito obrigado, Erundina.

Mas, voltando ao mundo real, vemos também exemplos de relatividade absoluta nos relacionamentos humanos. A lei é igual para todos, sempre e quando falemos de pobres ou ricos. Igual para os iguais, e diferente para os diferentes.

Você já observou a diferença de resultados na justiça para quem tem um advogado que custa milhões de reais e quem tem um defensor público?

Serviços de saúde públicos, comparados com serviços de saúde privados ou com os que são pagos à vista? Neste tópico há muita relatividade. No caso dos serviços públicos depende quem você é e a quem você conhece. Nos serviços de saúde privados, depende do plano e de quem você é amigo. Quando você paga à vista, com certeza terá o melhor serviço possível.

Quando falamos de obter um empréstimo nos bancos há diferença entre os públicos e os privados. Nos públicos depende a que partido você pertence e qual é seu grau de intimidade com os políticos que controlam esse banco, se a relação é muito próxima você nem precisa pagar o crédito recebido. Nos privados, depende de quanto dinheiro você tem. Quanto menos necessite melhores taxas e prazo terá para pagar. Quanto menos tenha e mais urgência exista menores prazos e maiores taxas.

E o tempo? Para os seres humanos normais, que tem dois ou mais trabalhos para sobreviver, não há tempo para nada, pois devem também fazer a faculdade, cuidar da família, perder de três a quatro horas diariamente no trânsito, o tempo é muito curto, não dá para nada. Para os outros, os especiais, existem os helicópteros, as vias expressas, a primeira classe, e a partir de agora, pelo menos para aqueles que viajam para Inglaterra, um serviço especial, que pagando a módica soma de 1.800 libras esterlinas, você evita passar pela imigração inglesa como um cidadão comum. É apanhado por uma limusine na porta do avião, levado a uma sala Vip (com direito a champanhe), enquanto um funcionário faz o trâmite de imigração para você.

Minha preocupação é se essa moda pega aqui no Brasil. Podem imaginar que automaticamente todos os funcionários do governo passariam a usufruir desse serviço essencial e o custo seria repassado para o povo. A única coisa que não é relativa é: Alguns gastam e nós pagamos. Essa é a única lei que escapou da lei da relatividade.

Boa semana.

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