11 de set. de 2012

O tráfico, a chacina e a elite brasileira, tudo a ver.

O tráfico, a chacina e a elite brasileira, tudo a ver.

De Brasília
Joaquim Dantas
Isabel Sanchez
Do Blog do Arretadinho


Os seis jovens assassinados no Domingo (9) em Nilópolis, RJ, chocou a opinião pública pela violência gratuita em que foi praticada. Todos os meios de comunicação trataram o assunto com grande alarde e indignação. O Datena, em seu programa na Band, falou umas 15 vezes "me ajuda aí, meu" e insinuava justiçamento público para, logo em seguida, dizer que não se faz justiça com as próprias mãos. O Prefeito de Nilópolis, Sérgio Sessim, decretou luto oficial de 3 dias e a Polícia Militar ocupou a Favela da Chatuba (onde o crime foi praticado) na Madrugada de Segunda (10). O Coronel da Polícia Militar Frederico Caldas afirmou que a ocupação é definitiva. Até os Fuzileiros Navais ajudaram na procura dos assassinos.
A indignação diante de uma brutalidade dessa é legítima e merece todo repúdio. No entanto não devemos refletir apenas nos efeitos nocivos produzidos pelo crime organizado, mas também nas causas que provocam tantas dores.
O tráfico de drogas, que provoca todas essas dores, funciona como qualquer empresa organizada, ele existe e gira em função de uma clientela que consome seus produtos (as drogas). Quem são esses clientes?
Segundo um estudo feito pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), alguns dados podem ajudar a responder essa pergunta.
A frequência de consumo de drogas no Estado do Rio de Janeiro foi representada da seguinte forma:

De 1 a 5 vezes por mês:
57,5% consomem maconha
53,8% consomem cocaína
20% consomem Crack

De 6 a 19 vezes por mês:
25% consomem maconha
30,8% consomem cocaína
60% consomem Crack

Mais de 19 vezes por mês:
17,5% consomem maconha
15,4% consomem cocaína
20% consomem Crack

O estudo aponta ainda a quantidade de drogas consumidas no Estado do Rio de 
Janeiro, por ano:

90,053 Toneladas de maconha
8,817 Toneladas de cocaína
4,254 Toneladas de crack

E termina com dados do faturamento anual do tráfico:

Maconha R$ 108 milhões
Cocaína R$ 463 milhões
Crack R$ 633 milhões.
Os dados são da SENAD e da Polícia Federal.

Esta mesma elite que clama pela exterminação dos traficantes é a mesma que mantém o tráfico de drogas, são seus maiores clientes . O Estado, por sua vez, é omisso quando não prioriza o cidadão menos favorecido com Educação de qualidade, que vai encontrar mais facilidade de "ganhar a vida" no tráfico.
Enquanto os governantes estiverem mais preocupados com os conchavos políticos, as negociatas de cargos para manter a "correlação" de forças, as coisas vão continuar da mesma forma.
A sociedade, por sua vez, deveria levantar a voz contra esses gestores de seus próprios interesses e lembrar que, da mesma forma como o corrupto é criação do corruptor, o tráfico de drogas é sustentado pela fatia mais abonada dessa mesma sociedade.


Nenhum comentário: