Acabou a escravidão, mas ficou o racismo!
Com o fim da escravidão esperava-se juntamente com esta o fim da humilhação e a inclusão do negro como cidadão de mesma capacidade que o branco, no entanto, não foi o que aconteceu. Ainda hoje o negro luta por respeito e espaço. Logo após a abolição os negros foram proibidos de frequentar algumas ruas, pois sua presença incomodava a nobreza. Eles eram perseguidos, humilhados… similar ao que acontece aos camelôs não é mesmo? Um político da classe nobre ganha as eleições e o primeiro passo é limpar a cidade. Mas deixemos a política (ao menos essa) de lado.
Em 1969 foi exibido na redeglobo a novela “A Cabana do Pai Tomás” que tinha como principal personagem um homem negro, no entanto a direção da novela contratou Sérgio Cardoso, um ator branco para atuar como Pai Tomás (Ele teve que pintar o corpo de negro, usar peruca e rolhas no nariz para se aproximar fisicamente do personagem). Talvez alguém pense “mas não tinham negros atores!”, acontece que tanto tinha, que o próprio Sérgio Cardoso sentiu-se desconfortável e toda vez que encontrava o Milton Gonçalves tinha a preocupação de justificar.
Em 1975 essa peregrinação em excluir o negro da mídia prossegui na série Gabriela do livro homônimo escrito pelo Jorge Amado. A Gabriela descrita na obra do baiano Jorge Amado era uma negra de corpo escultural, no entanto, foi interpretada por uma branca, a atriz Sônia Braga. Foi um sucesso, o diretor Walter Avancini no documentário de 2001 “A negação do Brasil” diz ter feito entrevista com 80 negras para o papel, mas nenhuma demonstrou capacidade. “Não havia no mercado realmente (…) nenhuma atriz preparada para isso. Eu fiz teste pessoalmente com aproximadamente 80 atrizes negras com alguma possibilidade dentro do biotipo do Jorge Amado.” Ele diz não ter encontrado nenhuma com a possibilidade de interpretar a personagem. Será mesmo que as atrizes negras naquela época eram tão ruins? E ainda que fossem, em pleno 2012 ainda não temos boas atrizes negras? Pois, recentemente a série Gabriela foi regravada e a personagem não foi interpretada por uma negra, mais uma vez, mas por uma mulher de pele clara que precisou fazer bronzeamento e pintar o corpo para atuar.
Hoje, 27/03/2013, me deparei com a seguinte manchete “Modelo loura surge negra em editorial africano da revista ‘numero’” (fonte http://ela.oglobo.globo.com/moda/modelo-loura-surge-negra-em-editorial-africano-da-revista-numero-7677511) e inevitavelmente me questionei: Até quando os negros e as negras serão impossibilitados de interpretar sua etnia? Até quando sofreremos esse racismo (que ao meu ver) é berrante? Por quantos anos ainda iremos lutar pela nossa liberdade?
Fonte africas
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