1 de set. de 2013

Os poetas e o Recife

Os poetas e o Recife

De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho

Pelas antigas ruas da cidade do Recife caminharam trabalhadores, escravos, senhores de engenhos, capitães do mato e....Poetas e intelectuais.
Nessas mesmas ruas, esses mesmos poetas, produziram obras maravilhosas que ajudaram a contar a nossa história.
Resolvi fazer uma pesquisa e compartilho com você, leitor, um apanhado do perfil de alguns desses mestres das letras.

Manuel Bandeira (1886/1968)
Precursor do movimento Modernista, é homenageado na Rua da Aurora, considerada por Gilberto Freyre “a mais recifense de todas as ruas”. Nesta via, especiais encantos: antigos sobrados e casarões do século XIX, o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – MAMAM, os prédios da Assembleia Legislativa e do tradicional Ginásio Pernambucano, a monumental figura do caranguejo, retratada através da escultura coletiva “Carne da Minha Perna”, uma homenagem ao movimento manguebeat, e o Cais da Aurora.
Em suas obras, Manuel Bandeira abordava temáticas cotidianas e a capital pernambucana foi uma delas, como em Evocação do Recife. Além de poeta, ele foi jornalista, cronista, ensaísta, tradutor, professor de Literatura e membro da Academia Brasileira de Letras.

João Cabral de Melo Neto (1920/1999)
Um dos maiores poetas brasileiros e autor da antológica obra “Morte e Vida Severina”, é homenageado na Rua da Aurora. João Cabral de Melo Neto foi diplomata, membro da Academia Brasileira de Letras e, por sua atividade literária, recebeu diversos prêmios, a exemplo do Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro; Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro; e Prêmio da União Brasileira de Escritores, pelo livro “Crime na Calle Relator” (1988).

Capiba (1904/1997)
Foi um dos maiores compositores que Pernambuco já conheceu. Autor de memoráveis frevos que animam o Carnaval do Recife, está imortalizado às margens do rio Capibaribe, na Rua do Sol, cenário da reta final do monumental desfile carnavalesco do Galo da Madrugada.

Mauro Mota (1911/1984)
Jornalista, poeta e ensaísta, autor de obras como “Elegias”, “Imagens do Nordeste” e “Canto ao Meio”. Foi membro da Academia Brasileira de Letras. A Praça do Sebo, tradicional local de venda de livros raros e usados, recebeu sua escultura.

Carlos Pena Filho (1928/1960)
Pela delicadeza da sua obra, Gilberto Freyre o comparou a um pintor de palavras. Poeta, jornalista e advogado, faleceu aos 32 anos. A escultura do poeta está na Praça da Independência, espaço comercial do Recife desde o tempo dos holandeses em Pernambuco (1630/1654). Diante da Praça funcionava a sede do mais antigo jornal em circulação na América Latina, o “Diario de Pernambuco”, do qual Carlos Pena Filho foi colaborador.

Antônio Maria (1921/1964)
Poeta, compositor e um dos maiores cronistas brasileiros de sua época. É dele a famosa frase: “Se você me encontrar dormindo, deixe; morto, acorde”. A escultura do artista está na Rua do Bom Jesus, chamada no tempo de ocupação flamenga (1630/1654) “Rua dos Judeus” por abrigar estabelecimentos comerciais judaicos e a Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas, hoje Centro Cultural Judaico de Pernambuco.

Chico Science (1966/1997)
Compositor e criador do manguebeat, movimento musical que nasceu no Recife na década de 90 e que mistura ritmos regionais com rock, hip hop, samba-reggae, funk e rap. Sua escultura ocupa um espaço na Rua da Moeda, no Bairro do Recife, polo original dos eventos relacionados ao manguebeat.

Ascenso Ferreira (1895/1965)
Poeta da primeira geração do Modernismo e autor de obras como “Catimbó”, “Cana Caiana” e “Xenhenhém”, tem sua produção estudada por grandes nomes da crítica e literatura brasileiras. No Cais da Alfândega, como a contemplar o rio Capibaribe, está a escultura do poeta. Ainda na área, o Paço Alfândega, centro de compras, cultura, lazer e gastronomia que funciona em prédio histórico datado de 1732.

Joaquim Cardozo (1897/1978)
Poeta e engenheiro civil, trabalhou com Oscar Niemeyer em importantes construções de Brasília. Sua obra poética, filiada à segunda geração do Modernismo, tem como temas constantes o Recife e a região Nordeste. É considerado um dos maiores poetas do século XX. A Ponte Maurício de Nassau, situada no local onde existiu a primeira ponte do Brasil, abriga a escultura do Poeta.

Solano Trindade (1908/1974)
Poeta, pintor e folclorista foi, segundo Carlos Drummond, o maior poeta negro do Brasil. Também cineasta e teatrólogo, fundou o Teatro Experimental do Negro e o Teatro Popular do Brasil. Sua escultura está no Pátio de São Pedro, um dos mais importantes polos de animação do Recife. Na área, são destaques as edificações do século XVIII, a Concatedral de São Pedro dos Clérigos (1728/1782) e os múltiplos espaços culturais.

Luiz Gonzaga (1912/1989)
Conhecido como “O Rei do Baião”, ganhou fama com músicas que retratam o modo de ser e de viver do nordestino. Sua escultura está situada na Praça Visconde de Mauá, diante da antiga Estação Central do Recife (1888) e da Casa da Cultura de Pernambuco, centro de comercialização artesanal instalado em prédio onde funcionou a antiga Casa de Detenção do Recife.

Clarice Lispector (1920/1977)
Escritora ucraniana que passou parte de sua infância no Recife, onde aprendeu a amar os livros e ensaiar as suas primeiras incursões pela vida literária. Sua escultura foi colocada na Praça Maciel Pinheiro, cujo entorno revela interessantes atrativos como a Rua da Imperatriz, com seu comércio popular; a Matriz da Boa Vista da Irmandade do Santíssimo Sacramento; o Teatro Parque; e o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

Acenso Ferreira(1895-1965)
 Poeta, Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira nasceu no município de Palmares, zona da Mata de Pernambuco, a 09 de maio de 1895, filho único do comerciante Antônio Carneiro Torres e da professora Maria Luiza Gonçalves Ferreira. Órfão aos 13 anos de idade, passa a trabalhar na mercearia de um tio e, em 1911, publica no jornal A Notícia de Palmares, o seu primeiro poema, "Flor Fenecida". Em 1920, muda-se para o Recife, onde torna-se funcionário público e passa a colaborar com o Diário de Pernambuco e outros jornais.
Em 1925, participa do Movimento Modernista de Pernambuco e, em 1927, publica seu primeiro livro, "Catimbó". Viaja a vários estados brasileiros para promover recitais. Em 1941, publica o seu segundo livro ("Cana Caiana"). O terceiro livro ("Xenhenhém") está pronto para ser editado, mas só sairia em 1951, incorporado à edição de "Poemas", que foi o primeiro livro surgido no Brasil apresentando disco de poesias recitadas pelo seu autor - a edição continha, ainda, o poema "O Trem de Alagoas", musicado por Villa Lobos.
Em 1955, participa ativamente da campanha presidencial de Juscelino Kubitschek, inclusive participando de comícios no Rio de Janeiro. Em 1966, é nomeado por JK para a direção do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, no Recife, mas a nomeação é cancelada dez dias depois, porque um grupo de intelectuais recifenses não aceita que o poeta e boêmio irreverente assuma o cargo. É nomeado, então, assessor do Ministério da Educação e cultura, onde só comparecia para receber o salário. Em 1963, a Editora José Olympio (RJ) lança "Catimbó e Outros Poemas". A 05 de maio de 1965, morre, no Recife. Usava sempre um grande chapéu de palha, que era uma verdadeira logomarca.

Ariano Suassuna 
 Nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa (PB), em 16 de junho de 1927. Advogado, professor, teatrólogo e romancista. Membro da Academia Brasileira de Letras. Ao mudar-se para Fazenda Acahuan, de propriedade da família, e depois na vila de Taperoá, onde Ariano Suassuna fez os estudos primários, tornou-se íntimo do sertão. Suas primeiras produções foram publicadas nos suplementos literários dos jornais do Recife, quando o autor fazia os estudos pré-universitários no Colégio Osvaldo Cruz. Após formar-se pela Faculdade de Direito pela Faculdade de Direito do Recife, em 1950, passou a se dedicar também à advocacia. Em 1951, retornou a Taperoá, onde escreveu e montou a peça Torturas de um coração. No ano seguinte, voltou a residir em Recife. Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco. Em 1970, iniciou em Recife o Movimento Armorial, voltado para a expressão dos movimentos populares tradicionais.
De sua vasta bibliografia, é importante registrar Auto da Compadecida, de 1955 e publicada em 1957, que está traduzida para diversas línguas; e o romance A Pedra do Reino (1971), recentemente republicado com revisão do autor.

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