O presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ao apresentar há pouco seu projeto de Governo disse que o pacto político do governo Dilma "está mofado" - ou seja, está superado. Sugeriu, portanto, que deve ser substituído por um governo com outro pacto político, com ele - Eduardo Campos - presidente da República.
Até agora a aliança que ele formou só tem apoio do seu PSB e a Rede, que a ele se integrou, sequer se legalizou. Eduardo Campos está dizendo ao país que a era Lula/Dilma se esgotou, que um novo bloco político-partidário, parlamentar e social, se constituirá para governar o país com um novo programa e novas bandeiras. O candidato fala, inclusive, em bandeiras abandonadas e em fazer o que os 12 anos de governos Lula/Dilma não fizeram.
Por Zeca Dirceu
Dificilmente sua aliança fará mais que 50 deputados federais e pelas alianças estaduais, a prioridade do PSB, começando por Pernambuco, é a aliança com o PSDB. Difícil entender como governar sem maioria. Mais difícil, ainda, entender como mudar se aliando ao tucanato que se opõe e se opôs sempre ao essencial dos governos Dima/Lula.
Logo ele que governa Pernambuco numa aliança de 15 partidos! Como fará maioria no Congresso Nacional? Se aliará ao PMDB, ao PP, ao PR, ao PTB, ao PC do B, ao PDT ou se apoiará na aliança de oposição a Lula/Dilma, PSDB/DEM/PPS?
Como o PT/PMDB terão cerca de 170 deputados e 35 senadores, fica claro que a aliança terá que decidir com quem governará.
Como Eduardo Campos foi, nesses quase 12 anos, não só aliado e principal beneficiário dos governos do PT, mas membro integrante do núcleo de decisão e comando do país como deputado, ministro, governador e Presidente do PSB, será que ele imagina que agora governará sozinho, acima dos partidos e do Congresso Nacional? Ou será que tudo não passa de retórica e alianças apenas eleitorais, de ocasião para viabilizar ao máximo a sua candidatura presidencial?
Se analisarmos o programa lançado pela aliança Eduardo Campos/Marina Silva, veremos que há uma opção clara direta e objetiva que a mídia conservadora não teve dúvida em registrar: os programas do candidato tucano, senador Aécio Neves e do PSB-Rede são "quase idênticos", tem o mesmo diagnóstico e propõem as mesmas saídas.
O que responde a pergunta de qual a base social a que ele se dirige e atende: ao capital financeiro rentista, às classes médias conservadoras e à própria mídia-oposição. Para ter uma ideia do programa da aliança, ele propõe (como os tucanos) o fim da reeleição e candidaturas avulsas, sem tratar do que interessa - o financiamento das campanhas, se será público ou privado, e a forma de voto, se em lista, distrital e misto.
Na economia, fora a crítica que repete o mantra da mídia ao governo Dilma não há nenhuma palavra sobre câmbio (ainda valorizado), juros (ainda 5 vezes maior que os juros reais do mundo), nada sobre inflação, dívida interna, papel dos bancos públicos e sobre reforma tributária. Apenas a retórica municipalista-federalista sobre o Estado e seu papel, uma repetição da retórica tucana e da mídia sobre o aparelhamento do Estado.
Nada sobre política industrial ou reforma financeira, nada sobre agregar valor e investir em ciência e tecnologia, a não ser diretrizes gerais.
Como Aécio, Eduardo Campos repete a retórica dos mercados: estabilidade e respeito ao tripé juros, câmbio e superávit. Como vemos, a aliança fica devendo ao país um programa de governo.
Já sua promessa de "realinhamento progressista" e sua crítica aos "pedaços do Estado entregues ao atraso" indicam sua oposição à aliança com o PMDB e à participação no governo Lula/Dilma dos partidos da base aliada. É uma afirmação e uma posição contraditória com sua prática de governo em Pernambuco onde o PMDB do senador Jarbas Vasconcelos o apoia e mais 14 partidos dividem "pedaços do Estado".
O problema é que o realinhamento do campo progressista se dará como aliança conservadora com o PSDB à frente, o que já acontece em Pernambuco revelando a verdadeira natureza da aliança PSB-Rede, apesar dos protestos de Marina Silva. O importante é que teremos um longo debate até as eleições. Eduardo Campos e a Rede terão mais do que tempo e espaço para expor a julgamento do país e das urnas suas alianças. Vamos ao debate!
Zeca Dirceu – Deputado Federal – PT Paraná.
publicado em http://www.zecadirceu.com.br/
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