Diversos grupos paulistas de teatro se reuniram neste final de semana no Tendal da Lapa, na zona oeste de São Paulo, com músicos, coletivos audiovisuais e cartunistas para discutir o que pensam do país atualmente.O evento faz parte da 2ª Feira Paulista de Opinião ou Iª Feira Antropofágica de Opinião.
O evento reedita, mais de 40 anos depois, a Primeira Feira Paulista de Opinião, organizada pelo Teatro de Arena de São Paulo, em 1968, e dirigida pelo teatrólogo Augusto Boal, que representou um marco na resistência à ditadura militar.
“A feira é inspirada na 1ª Feira Paulista de Opinião, que teve a participação de vários dramaturgos como Plínio Marcos e Gianfrancesco Guarnieri e de músicos como Sérgio Ricardo, Caetano Veloso e Gilberto Gil. O [Augusto] Boal escreveu um texto teórico sobre a feira, reflexão sobre a arte de esquerda e o que se pensava sobre o Brasil. Agora, pensamos em lançar novamente essa pergunta: “O que você pensa sobre o Brasil hoje?” e colocar [a resposta] em ação direta e estética, em um espaço público e gratuito”, disse Thiago Reis Vasconcelos, integrante e diretor do coletivo Antropofágica, em entrevista hoje (16) à Agência Brasil.
Desde ontem (15), diversas atividades estão ocorrendo no Tendal da Lapa, entre apresentações de peças e mesa de debates. As apresentações de teatro ocorrem até por volta das 22h de hoje. “São 16 horas de peças, divididas em dois dias, em estrutura de feira, onde tudo pode acontecer. Começamos as duas feiras com prólogos: ontem foi uma fala do Sérgio de Carvalho e hoje com [os atores] Umberto Magnani e Dulce Muniz, [o escritor] Izaías Almada e [o diretor teatral] Mário Masetti, que trabalharam muito e ainda trabalham com a arte engajada e que fizeram parte da construção da Feira de Opinião”, explicou Vasconcelos.
Para Vasconcelos, discutir o Brasil e a arte engajada, mais de 40 anos depois da primeira edição, continua sendo uma necessidade. “Em 1968 havia uma luta grande contra a ditadura militar. Hoje há uma luta grande contra a ditadura do capital, econômica, que se apresenta na crise que vivemos atualmente. Fazer isso novamente não é uma coisa memorialista, mas é recolocar [o fato de] que estamos vivendo problemas que precisam ser superados”, disse ele.
Entre os temas que foram apresentados nas peças e que discutem o Brasil de hoje estão as desapropriações de terra e a diferença de classes. “Até terminarmos esta feira teremos mais de 30 visões sobre os problemas [brasileiros] que passam desde o [tema] agrário e da imigração até a macropolítica brasileira”, disse Vasconcelos.
da Agência Brasil
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