O que acontece com o mundo? Onde as pessoas encontraram tanto desprezo pela vida?
No modelo de vida que escolhemos. Individualista, que oprime. Que exclui pela cor da pele, crença e forma de vestir e amar. Apontamos no outro uma opção que é coletiva pela violência.
De Brasília
Iberê Lopes
Para o Blog do Arretadinho
Essa escolha não é apenas bélica. É verbal quando agredimos as mulheres, física no momento em que maltratamos um animal de "estimação", material na hora que derrubamos árvores em nome de um suposto progresso.
Sim. Essa expressão de pura barbárie e agressividade no ataque à sede do Charlie Habdo é um grito inconsciente, justificável, da humanidade clamando por paz. Como um filho que pede o colo quente e acalentador dos seus pais.
Que tal dialogarmos pela derrubada das fronteiras concretas, pelo fim dos embargos de alimentos, pelo direito à comunicação e a dignidade? Pelo direito dos africanos de terem seu solo livre da exploração européia de diamantes.
Quem sabe saímos às ruas, lutar para que todos tenham acesso ao que produzem? Que por fim não tenhamos excesso para poucos e sim o suficiente para vivermos. Apenas e simplesmente assim.
Não. Não é possível reduzirmos e resumirmos os fatos ocorridos na França em si mesmos. Isolar como se fosse um recorte, uma fotografia amarga num planeta cercado de pessoas de bem. Dissociar este ato das tantas crianças que perdem suas vidas na Palestina e das muitas guerras que tem fundo religioso e territorial ceifa a possibilidade de debater uma saída para convivermos e compartilharmos um planeta de paz soberana.
Antes que se façam novas corridas armamentistas, que apontem todos os muçulmanos como terroristas para que o Superman americano nos salve, silencie sua mente de preconceitos midiáticos.
Pense. Quantas vezes você deu risada de alguém por ser obeso, desviou o caminho por avistar um negro, fez cara feia diante de um abraço afetuoso entre homens, quantas vezes fez piada com as vestimentas e a ritualística das religiões afro-brasileiras e ameríndias?
Sim, eu defendo a liberdade de expressão, mas não essa libertinagem de opressão capitalista. Essa sociedade hipócrita que fica espantada e não observa sua própria conduta diária. É preciso desfazer esse caminho antes que nos tornemos uma espécie em extinção.
Sociedade em Extinção - por Iberê Lopes 08/01/2014
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