Uma das figuras mais enigmáticas que ficou atrelada à história do último imperador da dinastia Romanov foi sem dúvida Rasputin.
Exercendo uma forte influência sobre o czar Nicolau II e, principalmente sobre sua esposa, a czarina Alexandra Feodorovna, o místico mujique é apontado por alguns historiadores, por exemplo Alain Frerejean, como o homem mais poderoso da Rússia nos últimos anos da dinastia.
Por Tales Pinto
Nascido Grigori Iefimovitch Novikh, talvez na segunda metade da década de 1860, em um vilarejo na Sibéria, foi apelidado de Rasputin, possivelmente em decorrência de suas práticas sexuais na adolescência, já que o nome tem a mesma raiz que a palavra raspoutny, que significa depravação. Dentre suas práticas místicas incluíam-se a participação nas reuniões dos khlysty, membros de uma seita que unia religião e erotismo. Nos cultos realizados em igrejas abandonadas, homens e mulheres se entregavam a danças, com vestes transparentes, que acabavam quase sempre em transes e orgias.
A fama de assediar as mulheres acompanhou Rasputin durante toda sua vida, chegando a ser apontada como o motivo de aproximação com a czarina Alexandra. A afirmação não pode ser comprovada, mas a sua influência tem origem nas curas que realizou sobre Alexis, herdeiro de Nicolau II. Alexis era hemofílico, e as orientações de Rasputin para tratamentos distintos dos dados pelos médicos surtiam efeitos na melhora da criança. Tal situação proporcionou a ele grandes poderes políticos delegados pela czarina, chegando a assinar e transmitir petições de promoções e nomeações, além de, em alguns casos, nomear ministros.
A trajetória deste camponês pobre siberiano, que depois de ter afirmado ter visto a Virgem Maria no campo e iniciado uma peregrinação por mais de dez meses, passando por vários mosteiros, proporcionando um pequeno conhecimento da escrita e também de práticas rituais religiosas, causou forte oposição dos nobres da corte do czar, em decorrência do poder que exercia sobre a família real.
As ameaças de morte eram constantes e não tardou para que se colocassem em prática as intenções de acabar com Rasputin. Na noite de 29 para 30 de dezembro de 1916, o místico caiu em uma armadilha criada pelo príncipe Félix Iussupov, auxiliado pelo grão-duque Dimitri Pavlovitch, o deputado Purichkevitch, o tenente Sukhotin e o médico Lazovert. Em uma suposta festa na casa do príncipe, Rasputin sofreu algumas tentativas de envenenamento que não foram capazes de matá-lo, sendo os organizadores da ação homicida obrigados a alvejar de balas o mujique, e o jogar nas gélidas águas do Rio Neva, em São Petersburgo.
Dois dias depois encontraram o corpo mutilado e coberto de gelo, mas com as mãos erguidas, como se estivesse tentando se soltar das cordas que o amarravam. A autópsia do corpo indicou a presença de água no pulmão, que funcionou como um reforço à fama de místico, pois mesmo envenenado e alvejado, a causa de sua morte havia sido o afogamento e o frio.
Suas últimas conversas com Nicolau II apontava para o perigo de desmoronamento da monarquia russa com as consequências da participação na I Guerra Mundial, e das disputas pelo poder existentes na corte. Meses após sua morte, a dinastia dos Romanov foi derrubada na Rússia, iniciando a revolução que resultou na formação da URSS. Seria isso um sinal de profecia ou de análise social por parte de Rasputin?
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