Bancários de todo o Brasil entram em greve nesta terça
Bancários de todo o Brasil entram em greve por tempo indeterminado a partir desta terça-feira (6). A decisão foi tomada em assembleias realizadas na última quinta-feira (1º).
A paralisação das atividades é uma resposta à provocação da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) que, após quatro rodadas de negociação, apresentou a proposta de 6,5% de reajuste no salário, na PLR e nos auxílios refeição, alimentação, creche, mais abono de R$ 3 mil. A categoria reivindica a reposição da inflação, estimada em 9,57%, e aumento real de 5%.
Para Emanuel Souza, presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe (Feeb), a proposição é um desrespeito com os trabalhadores do setor mais lucrativo do país. “A proposta da Feanaban é absurda em todos os sentidos. Primeiro porque não repõe nem a inflação do período, estimada em 9,57%. Depois, por tentar resgatar a política do abono no lugar de aumento real. Como todos sabem, o abono não é incorporado ao salário, que continua perdendo o seu poder de compra ao longo dos meses. No caso deste ano, a perda seria de 2,8% logo de início, imagina de quanto seria até setembro de 2017”, ressaltou Souza.
Entre as reivindicações dos bancários, também estão o aumento no valor da Participação nos Lucros e Resultados (PLR); piso de R$3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho); melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral; fim das demissões e da rotatividade; mais contratações; combate à terceirização e Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários e igualdade de oportunidades.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Chapecó e Região, Luiz Angelo Coan, explica que a Campanha Nacional dos Bancários deste ano, que tem como slogan “Só a luta te garante”, marca a resistência da classe contra uma sequência de ataques aos bancários, que se agravou no último ano, com o fechamento de postos de trabalho – foram quase 7 mil vagas só no primeiro semestre de 2016 –, e o adoecimento físico e mental dos empregados, que aumentou cerca de 70%, segundo dados do INSS sobre afastamentos. “Além da própria perda salarial proposta pela Fenaban, que não faz nenhum sentido frente ao lucro de quase R$ 30 bilhões dos principais bancos do país, só nos primeiros seis meses do ano”, afirma.
Os sindicatos devem realizar uma nova assembleia nesta segunda-feira, para organizar o movimento. “A tarefa agora é construir uma greve grande e vitoriosa, para mostrar os banqueiros que não aceitamos a retirada de direitos. Agora é greve!”, acrescenta Emanoel de Souza.
Principais reivindicações dos bancários:
-Reajuste salarial: reposição da inflação (9,57%) mais 5% de aumento real.
-PLR: 3 salários mais R$8.317,90.
-Piso: R$3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
-Vale alimentação no valor de R$880,00 ao mês (valor do salário mínimo).
-Vale refeição no valor de R$880,00 ao mês.
-13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$880,00 ao mês.
-Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
-Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
-Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários.
-Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
-Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
-Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transsexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
-Proposta dos bancos rejeitada pelos bancários
-Reajuste de 6,5% (representa perda de 2,8% para os bancários em relação à inflação de 9,57%).
-Abono de R$ 3.000,00 (parcela única, não incorporado aos salários).
-Piso portaria após 90 dias - R$ 1.467,17.
-Piso escritório após 90 dias - R$ 2.104,55.
-Piso caixa/tesouraria após 90 dias - R$ 2.842,96 (salário mais gratificação, mais outras verbas de caixa).
-PLR regra básica - 90% do salário mais R$ 2.153,21, limitado a R$ 11.550,90. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 25.411,97.
-PLR parcela adicional - 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 4.306,41.
-Antecipação da PLR - Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva. Pagamento final até 02/03/2017. Regra básica - 54% do salário mais fixo de R$ 1.291,92, limitado a R$ 6.930,54 e ao teto de 12,8% do lucro líquido - o que ocorrer primeiro. Parcela adicional equivalente a 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2016, limitado a R$ 2.153,21.
-Auxílio-refeição - R$ 31,57.
-Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta - R$ 523,48.
-Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) - R$ 420,36.
-Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) - R$ 359,61.
-Vale-Cultura R$ 50 (mantido até 31/12/2016, quando expira o benefício).
-Gratificação de compensador de cheques - R$ 163,35.
-Requalificação profissional - R$ 1.437,43.
-Auxílio-funeral - R$ 964,50.
-Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto - R$ 143.825,29.
-Ajuda deslocamento noturno - R$ 100,67.
Portal CTB
Fonte: CTB
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