Exames de DNA comprovaram que Tássia foi covardemente assassinada pelo seu vizinho.
Perito criminal afirma que ela "lutou com todas as suas forças para sobreviver". Delegado conta que se deparou com uma cena patética de fingimento ao entrar no apartamento do assassino
Na manhã da última quarta-feira (5), a fisioterapeuta Tássia Mirella Sena de Araújo, de 28 anos, foi assassinada no apartamento de um flat em que morava, em Boa Viagem, bairro nobre da cidade de Recife.
Vizinhos disseram que, por volta das 7h, ouviram gritos e acionaram o funcionário do prédio, que chamou a polícia.
O apartamento estava todo revirado, mas não havia sinais de arrombamento na porta. O corpo de Tássia foi encontrado na sala do imóvel sem roupas. Seu pescoço foi degolado e havia cortes nas suas mãos.
Edvan Luiz da Silva, 32, vizinho da vítima, foi preso e autuado em flagrante por homicídio qualificado e feminicídio.
De acordo com o chefe da Polícia Civil, Joselito Kehrle do Amaral, há indícios que apontam para abuso sexual, que seria a motivação do crime.
“A roupa dela foi arrancada. Uma parte das vestes estava sobre uma cômoda e parecia ter sido tirada a força. Vimos que havia um caminho de sangue por gotejamento partindo do corpo da vítima até a porta. Havia também no trinco da porta da vítima, bem como seguindo para o apartamento do vizinho dela e também na altura do trinco”, explicou Amaral.
‘Fingia que dormia’
Em entrevista coletiva, o delegado Francisco Océlio detalhou os passos da investigação que concluíram pela autuação em flagrante.
“É provável que a vítima, enquanto estava sendo atacada, tentou entrar na primeira porta que encontrou, mas a morte dela foi naquele local, porque todo o sangue estava concentrado lá. Ela não poderia ter tido a garganta cortada e ter andando até lá. Aquele sangue era o dela, mas não poderia ter sido ela que pegou na maçaneta. Só poderia ter sido o assassino”, detalhou o delegado.
“Procuramos sinais de gotejamento. O único sinal vinha da porta do apartamento do Edvan. Depois de coletar todas essas informações, eu bati na porta dele para que ele conversasse conosco. Ele não atendeu, embora tenha sido visto entrando no prédio às 6h50. Chamamos um chaveiro. Quando entramos, nos deparamos com uma cena patética. Ele encontrava-se deitado na cama, fingindo que estava dormindo. Entramos com arma em punho, procedimento padrão. Ficamos ao redor da cama e passei a olhar se havia sinais de ferimento no corpo dele. Alguns eram visíveis, tipo ferimento produzido por unha e uma pequena marca de sangue na perna. Os indícios apontam para crime de cunho sexual. Se trata de um feminicídio. A veste foi tirada abruptamente da vítima. Os dois não tinham uma relação afetiva. Ele disse em entrevista preliminar que cruzou com a vítima duas vezes no prédio”, concluiu.
De acordo com perito criminal Diego Costa, Tássia lutou muito para sobreviver. “Foi até injusto a proporcionalidade do corpo da vítima e do suspeito. As lesões demostram que ela lutou até o fim para sobreviver. Ela tem vários cortes nas mãos, e há marcas de unhas dela no corpo dele e o apartamento em desalinho”.
DNA
Os resultados do exame de DNA comprovaram que as amostras de pele coletadas debaixo das unhas da vítima são de Edvan. Além disso, também foi encontrado sangue da vítima no apartamento dele e em duas camisetas.
“A gente conseguiu identificar padrões de gotejamento e contatos de sangue no apartamento de Edvan. Com o luminol, substância química, conseguimos provar que ele tentou apagar as manchas de sangue com uma camisa que depois foi encontrada em outro prédio. Tem sangue no balcão da cozinha, na sala do apartamento, próximo ao guarda-roupa. Foram coletadas mais de 17 amostras de DNA e realizamos o exame sexológico. Foi um tempo muito curto, mas demos uma resposta rápida para tirá-lo do convívio da sociedade”, afirmou o perito Diego Costa.
A Polícia também anunciou que o exame de confronto entre pegadas encontradas no apartamento de Tássia e a análise da planta de pé (podoscopia) de Edvan já havia confirmado a presença dele no apartamento.
por Pragmatismo Político
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