3 de jul. de 2015

Nietzsche e o Jogo Brasil e Alemanha

Só agora consegui falar sobre o massacre de 7X1 da Alemanha sobre o Brasil na Copa do Mundo de 2014, que vitimou 200 milhões de Brasileiros e chocou o resto do mundo. Ele me ajudou a entender um pensamento de Nietzsche: “Nós só temos palavras para aquilo que já está morto em nossos corações”. E que “Existe certo desprezo no ato de falar”.

Por Theófilo Silva
Para o Blog do Arretadinho
Via e-mail

Passado um ano do momento mais vergonhoso e trágico da história do futebol mundial – sem paralelos, e que jamais se repetirá com seleção alguma de primeira linha – é que encontro palavras para falar dessa ignomínia. Pois, durante todo esse tempo, não consegui dizer nada. Foram necessários 365 dias para que eu pudesse desabafar verdadeiramente, confirmando o que disse Nietzsche: quando a dor – no caso aqui é vergonha – é insuportável não conseguimos nos expressar verdadeiramente; é preciso dar um tempo ao nosso coração para que ele se recupere do choque.

A tragédia de nove de junho de 2014 serviu para transformar o chamado Maracanaço, a derrota do Brasil para o Uruguai por 2X1, na Copa do mundo de 1950, até então uma tragédia nacional, em mera e honrosa derrota. Confirmando o que disse Shakespeare, “Uma dor maior apaga uma dor menor”. Daqui pra frente, ninguém jamais desancará o goleiro Barbosa, nem recordará a Copa do Mundo de 50, e a história deverá ser reescrita.

Conhecido como o país do futebol, o maior celeiro de craques, maior número de títulos mundiais, terra de Pelé, favorito em todas as competições, assombro do mundo... Contrariando todas as expectativas, o país que gastou dezenas de bilhões em construção de estádios e infraestrutura, o hospedeiro e anfitrião da 21ª Copa do Mundo foi imolado  por sua seleção de futebol. A nação superou todas as expectativas, enfrentando um grupo de derrotistas que boicotou a Copa, dizendo que os estádios não seriam concluídos e que a desorganização seria completa. Resultado, a Copa na condição de evento foi um sucesso. Ganhamos de goleada perante o resto do mundo. Aí o inesperado aconteceu: nossa Seleção nos proporcionou o momento mais vergonhoso da história do futebol.
Lembro que assisti apenas ao primeiro tempo do jogo, quando já perdíamos de 4X0, e fui para casa dormir, pedindo a Deus a complacência dos alemães para que o massacre não passasse de dois dígitos. Minhas preces foram atendidas e Schweinsteiger e sua turma – cheios de piedade – pararam nos sete gols, comovidos com o nosso sofrimento. Fosse a Argentina, não teria qualquer piedade e estenderia a carnificina além do suportável. A imagem dos jogadores brasileiros atarantados e desesperados dentro de campo foi o que sobrou daquele dia fatídico. O jogo pareceu o exército alemão com seus Panzers enfrentando um grupo de crianças durante a Segunda Guerra Mundial.

Toda uma soma de erros e abusos gerou o desastre da seleção canarinha. A começar pela CBF, atolada na corrupção, cujo presidente o octogenário José Maria Marin se encontra preso; o caquético  Luiz Felipe Scolari, completamente fora de tempo; Carlos Alberto Parreira filosofando asneiras e Galvão Bueno (o sabe tudo) “puxando sacos” dos seus favoritos;  o criminoso J. Havilla, com sua Traffic, bilionário, fazendo misérias nos bastidores e mais uma centena de empresários de jogadores, todos inescrupulosos, trabalharam para que o desastre se confirmasse. Deu no que deu: uma desgraça!

O resultado foi que nos tornamos um vexame aos olhos do mundo. Daquela data para cá, fechei meus olhos para a Seleção e, sequer olhei para a Copa América, outra vergonha que se confirmou na semana passada. Hoje já não somos nem a quinta força entre dez seleções da América do Sul. Enquanto isso, a Europa dá um show de futebol, dentro e fora de campo, e a Argentina tem Messi seguindo os passos de Pelé.

Por tudo isso, lembrei-me de uma sentença de Shakespeare: “Oh! Céus, o que não fazem certos homens enquanto outros homens deixam de fazer!”

Tenho pena dos nossos torcedores!

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