28 de jul. de 2012

77 mulheres disputam o poder em Goiás

77 mulheres disputam o poder em Goiás
Dos 246 municípios goianos, 66 lançaram candidaturas femininas. Número equivale a 26,83% do Estado; no País, elas representam 19% dos candidatos nas capitais


Deputada federal Flávia Morais: candidata à Prefeitura de Trindade pelo PDT; Lêda Borges, prefeita de Valparaíso e candidata à reeleição pelo PSDB

A participação das mulheres na política ainda é tímida. Prevalece a hegemonia masculina nos pleitos eleitorais, não só em Goiás, mas em todo o País. No Bra­sil, elas representam, este ano, 19% das candidaturas ao Executivo. Dos 183 candidatos a prefeito nas 26 capitais brasileiras, 38 são mulheres. Em Goiás, esta representatividade não ultrapassa os 30%. São 77 candidatas em 66 dos 246 municípios goianos, o que equivale a 26,83% do Estado.O partido que mais lançou candidaturas femininas em Goiás foi o PSDB (14 nomes), seguido pelo PTB (10); PMDB (9); PP (9); PT (7) e PSD (7). O PDT e o PSB lançaram cada um cinco candidatas. O DEM figura na disputa majoritária com a cabeça de chapa em três cidades; o PTdoB e o PTC em duas e o PHS, PSC e PCdoB em um município. Não apresentaram candidatas o PR, PSol, PV, PCB e PSTU.
As 77 candidaturas femininas goianas não têm predominância geográfica, no que diz respeito a tamanho e importância dos municípios. Elas foram lançadas em cidades de vários portes. Em Goiânia e Trindade, por exemplo, há a presença, respectivamente, de Isaura Lemos (PCdoB), deputada estadual, e Flávia Morais (PDT), deputada federal. Trata-se de cidades de grande e médio porte — capital e região metropolitana.
Ainda na lista de cidades de grande porte aparecem Novo Gama e Valparaíso, municípios do Entorno de Brasília. A deputada Sônia Chaves é a candidata do PSDB em Novo Gama. Em Val­pa­raíso, há duas mulheres: a prefeita Lêda Borges (PSDB), candidata à reeleição; e a professora Lucimar Nascimento (PT).
Entre as cidades de médio porte com mulheres candidatas estão Cidade Ocidental, com Gi­selle Cristina Araújo (PTB); Cris­ta­lina, Eliane Leonel Campos (PDT); Itaberaí, Rita de Cássia Mendonça (a única candidata pelo DEM em Goiás); Niquelândia, Maria da Conceição Ro­drigues (PSB); Porangatu, Gláucia Melo (PSDB); e Uruaçu, Eunice de Faria (PMDB).
Um dado interessante é que em quatro cidades goianas foram lançadas apenas candidaturas femininas. Em Buritinópolis, o eleitor tem duas alternativas: Ana Paula Soares (DEM) ou Maria Aparecida da Cruz (PSD). Em Ipameri, Daniela Vaz (PSDB) ou Ludmila Queiroz (PSB) — Wellington Sugai, do PT, registrou candidatura, mas ela foi impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO). O candidato aguarda julgamento.
Em Mimoso de Goiás, as três candidatas são mulheres: Miriã Vidal (PSD), Rosana Balestra (PP) e Santina Gonçalves (PTB). Em Montividiu, o cenário é o mesmo. São prefeitáveis Débora Peres (PTB), Jalmira Ghanem (PT) e Suely Cruvinel (PTC).
Em alguns municípios, embora haja candidaturas masculinas, há mais de uma candidata. São exemplos Alexânia (Maria Alice Nery-PTB e Maria Aparecida Lima-PSDB); Ceres (Maria Inês Brito-PT e Vanda Lúcia Melo-PTdoB); Jussara (Maria Amélia Castro-PSDB)e Tatiana Castro-PSB); e São Miguel do Araguaia (Adailza Crepaldi-PSC e Azaide Martins-PSB).
Apesar da participação pouco expressiva da mulher na política, é possível notar que elas têm, ao longo das últimas décadas, superado barreiras e rompido estigmas, como o de que ela tem de renunciar à vida profissional para cuidar de maridos e filhos.
A presença de Dilma Rousseff (PT) na Presidência da República também tem estimulado mulheres a entrarem na vida pública e, as já militantes, a enfrentarem o desafio das candidaturas majoritárias.
Uma dificuldade pontuada por elas diz respeito à barreira que ainda encontram dentro dos próprios partidos. Quase sempre, são escolhidos para presidência das legendas políticos homens e, segundo relatam, muitos não veem com bons olhos a aspiração da mulher pelo poder.



“A luta delas não se reflete em poder”

Paulista de Jundiaí, Isaura Lemos completa, em 2014, 60 anos. O primeiro contato com a política foi aos 14, período da ditadura militar. Isaura mudou-se para Goiás no início da década de 1980. Casada com o político Euler Ivo, tem duas filhas, a vereadora Tatiana Lemos (PCdoB) e a cantora Maira Lemos.
Na bagagem, leva mais de 40 anos de militância à frente de entidades populares e sindicais, três mandatos completos de deputada estadual (pelo PDT); atualmente, cumpre o quarto pelo PCdoB. Única candidata mulher à Prefeitura de Goiânia, Isaura avalia que a democracia só será completa quando houver a participação expressiva da mulher na política.
De acordo com a pecebista, apesar de muitas mulheres participarem de movimentos sociais e sindicais, a luta não reflete no Par­la­mento, seja na esfera legislativa ou executiva. Isaura salienta que o pouco espaço dado à mulher pode ser notado nos próprios partidos com a presença escassa de mulheres à frente de diretórios municipais e estaduais. Mas também admite que a dupla jornada feminina — cuidado com os filhos e maridos — acaba atrapalhando o cenário. “A mulher tem uma rotina sobrecarregada.”
Outro fator que também prejudica a consolidação da mulher na cena política é a desconfiança. O fato de não haver transparência neste setor faz com que a mulher se sinta insegura em entrar na política, opina a candidata. Isaura acredita que as mulheres fazem política diferente dos homens. O que distingue, segundo ela, é o olhar fraternal da mulher e o sentimento de cuidar das pessoas.

Discurso da presidente Dilma torna-se cartilha



Formada em Socio­logia pela Uni­versidade Federal de Goiás (UFG), Lucimar Nas­cimento (PT) é professora da rede municipal e do Distrito Federal em Val­paraíso, Entorno de Brasília. Seu primeiro contato com a política foi em 2004, quando elegeu-se vereadora. Em 2008, não disputou a reeleição. Tinha um plano mais exigente: ser prefeita. Teve cerca de 10 mil votos, o que rendeu-lhe o segundo lugar.
Quando questionada sobre a participação da mulher na política, ela respondeu, de imediato, que se inspira no discurso de posse da presidente Dilma Rousseff (PT) no início de 2011. Lucimar refere-se à frase “Sim, nós mulheres podemos”, proferida pela presidenta Dilma — como a petista gosta de ser chamada.
A prefeitável se diz confiante, mas pondera que as mulheres ainda têm mais dificuldades que os homens. “A questão cultural, de que a mulher tem de cuidar da casa, ainda hoje nos persegue.” Lucimar fi­liou-se ao PT em 1985, em Trindade, cidade onde começou sua mi­litância. Mudou-se há quase dez anos para Valparaíso. A petista tem 11 partidos na sua coligação, entre eles o PMDB, PSB, PDT, PCdoB e PSC.

Em Ipameri, estreante na política reúne 12 partidos



Ex-primeira-dama, Daniela Vaz Carneiro (PSDB) fará sua estreia nas urnas em outubro. A empresária do setor de calçados e assessórios femininos diz que a ideia de disputar o pleito de Ipameri surgiu a partir do reflexo de seu trabalho como secretária de Promoção Social durante o mandato de seu marido, Jânio Carneiro, entre 2005 e 2008.
“Meu nome surgiu do povo e dos partidos que me sugeriram”, afirma. Caminham com a candidata, que é da oposição, PSD, DEM, PTB, PPS, PSC, PRB, PSDC, PCdoB, PHS e PP. A prefeitável crê que as mulheres caminham para se consolidarem na política. Segundo ela, onde eles forem chefes de Exe­cu­tivo, as pessoas perceberão a diferença entre gestões femininas e masculinas.
A mulher, diz ela, conquistará cada vez mais o seu espaço porque tem sensibilidade e pratica o amor ao próximo.
O eleitor confia mais em mulher, diz veterana

Após 14 anos longe do poder, a ex-deputada estadual Vanda Lúcia Melo (PTdoB) retorna à cena política. Vanda Lúcia, que é mulher do ex-prefeito Valter Melo, foi primeira-dama de Ceres por quatro mandatos, de 1976 a 1982 e de 1998 a 2004. Foi deputada estadual por dois mandatos (1991 a 1999) e também passou pelas Secretarias de Assistência Social e da Agricultura durante o tempo em que o marido foi chefe do Executivo.
Vanda Lúcia nasceu em São Paulo, mas mudou-se para Ceres aos 18 anos quando casou-se com Valter Melo. É formada em Letras pela Unievangélica. Aos 58 anos, avalia que a mulher faz política diferente do homem. A mulher, diz, alia a objetividade à afetividade. Outro fator positivo, na opinião dela, é que o eleitor tende a confiar mais na mulher do que no homem. “O povo acredita que nossa capacidade administrativa e nossa forma especial de diálogo que temos graças ao fato de sermos mães.”
Segundo a prefeitável, o foco do gestor Executivo deve ser o cuidado com o cidadão. São necessidades essenciais, aponta, bom atendimento à saúde pública, valorização extrema da educação, segurança pública, opção de cultura e lazer e valorização do esporte. Vanda Lúcia Melo foi professora por quase dez anos.

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