8 de set. de 2012

Técnico sem empresário: fim da carreira!

"Técnico sem empresário está fadado ao fim da carreira", diz colunista

Promiscuidade

*Texto originalmente publicado no caderno Super Esporte do jornal Estado de Minas, em 08/09/2012.

"Mais um exemplo de que dentro da Seleção Brasileira está havendo um cartel nas convocações. O Hulk vai para a Olimpíada e, em seguida, é uma das transferências mais caras da história do futebol. Agora, o goleiro Cássio, do Corinthians, que tem seus direitos econômicos ligados a pessoas da CBF, que se já não foi será vendido para a Roma. Quem leva?" Esta acusação foi feita pelo ex-jogador Romário (foto), hoje deputado federal. Senhoras e senhores, o que o Baixinho falou é a pura realidade do futebol. Ele esteve ali por mais de duas décadas e conhece como poucos os meandros e malandragens do esporte bretão. Sempre foi sério em seus negócios e, como representante do povo na Câmara dos Deputados, tem brilhado. Essa promiscuidade entre dirigentes, técnicos e jogadores virou moda neste país da corrupção e do faz de conta.
Hoje em dia, técnico sem empresário está fadado ao fim da carreira. Temos aqui um grande exemplo. Toninho Cerezo, treinador com títulos no Japão e bela campanha no Vitória em 1999, está desempregado. Tem propostas do exterior, mas não quer voltar a trabalhar no Oriente. Sem empresário, ele não faz conchavo com dirigentes e não aceita propina de empresários. Por isso, está sem trabalhar. Em compensação, há denúncias de treinadores que dividem comissões com empresários ao ser contratados por clubes e ficam lhes devendo favores. Acabam sendo obrigados a contratar jogadores que pertencem a esses agentes, e assim a coisa vai caminhando.

Infelizmente, não há documentos que comprovem, pois são transações em dinheiro vivo ou depósitos no exterior. Outro dia, um ex-jogador, que prefere não ter o nome citado, me disse que viu na carreira vários treinadores que dividiam dinheiro com dirigentes e jogadores. Ele viu, não ouviu falar.
Essa convocação de Hulk, inexpressivo atacante, artilheiro em Portugal, onde o futebol é de segunda linha, é bem estranha mesmo. Não conheço a história de Mano Menezes e não posso lhe fazer qualquer acusação, por não ter provas. Lembro-me, porém, que, tão logo foi chamado para técnico da Seleção, jornais cariocas denunciaram que seu empresário, Carlos Leite, tinha vários jogadores por ele convocados. Pode ser coincidência. Talvez naquele momento os jogadores do tal agente vivessem mesmo bom momento.

Hulk acaba de ser negociado com o futebol russo por mirabolantes 60 milhões de euros (cerca de R$ 150 milhões). Senhoras e senhores, pode um jogador incrivelmente comum custar mais do que Zidane, Kaká e Ronaldinho Gaúcho no auge? E por que essa proposta não surgiu antes, uma vez que ele é artilheiro em Portugal há tempos? Para complicar ainda mais, Romário afirma que "os direitos econômicos de Kulk também estão ligados a pessoas da CBF". Essa acusação é séria e grave. Cabe ao Ministério Público ou a quem de direito investigá-la e prender o tal empregado da entidade. É inadmissível tal tipo de relação.
Mano peca na formação do time - já mostrou que é fraco - e por querer agradar aos torcedores. A Seleção jogou ontem em São Paulo, e ele convocou vários jogadores de clubes paulistas, escalando Lucas de titular. O mesmo Lucas que ele não quis aproveitar entre os 11 na Olimpíada de Londres. A convocação do goleiro corintiano Cássio é outra vergonha. Que currículo tem esse rapaz para ser chamado assim de uma hora para outra? São muitas perguntas sem respostas. Por essas e por outras, o futebol brasileiro está cada vez mais na lama. Tecnicamente, é um fiasco. Fora das quatro linhas, desorganizado e mentiroso.
Há muito a Seleção Brasileira, maior patrimônio esportivo do torcedor, tem sido banalizada por técnicos medíocres. Sou da época em que se comemorava convocação de jogador do nosso clube. Dava status ao clube e dinheiro nenhum ao treinador que o chamava. Hoje, pelo contrário, prejudica o clube, e treinadores ricos fazem convocações absurdas.

A CBF também não é nenhuma entidade benta. Lá, tudo pode. É bem possível e provável que o presidente José Maria Marin, que pensava em demitir Mano, mas foi coagido por um de seus assessores a não fazê-lo, feche os olhos para o que ocorre na casa. A Seleção, a CBF e alguns treinadores deste país são uma vergonha para um povo tão apaixonado pelo futebol. Espero que as autoridades competentes ouçam Romário e tomem as providências necessárias. Precisamos saber quem da entidade é dono dos direitos federativos de Hulk. Isso é uma vergonha.
Mais uma vez, o time azul jogou mal. Levou uma aula de futebol de Seedorf, craque na essência. O torcedor não aguenta mais ouvir desculpas de técnico retranqueiro, sem inspiração e vontade de ganhar - só tem medo de perder.
O Atlético só não venceu o Bahia quarta-feira porque não tinha Ronaldinho Gaúcho. O time baiano é horroroso e os atacantes atleticanos não se cansaram de perder gols. Com o retorno do craque amanhã, as coisas voltarão ao normal.

Por Romário.org

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