10 de nov. de 2013

A festa em que o dono da casa não pôde participar

A festa em que o dono da casa não pôde participar, foi assim a Festa de Aniversário e Artes do Gama - FAAGAMA 2013.
Palco principal. Gadu não divide com músicos que não
cantem música gospel. Foi isso que a ADM do Gama
deixou transparecer.
Foto Joaquim Dantas - Para ampliar basta clicar nas fotos
Do Gama
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho

O FAAGAMA deste ano não foi o que deveria ser, uma festa para comemorar o aniversário da cidade, divulgar a arte e a cultura local e proporcionar à população momentos agradáveis de diversão e lazer.
Infelizmente o que se viu foi um festival de desorganização e desrespeito com a população e com os artistas da cidade.

Atrações principais
Este ano a Administração do Gama contratou, a título de atrações principais, a cantora Maria Gadu e a Banda Titãs.
Pra começo de conversa as atrações principais deveriam ser os artistas da cidade. Não estou tentando diminuir a importância da Banda e da cantora, mesmo porque não tenho como fazê-lo, eles são o que são e ponto. Mas o fato é que na programação oficial, divulgada pelos organizadores da festa, na noite do Sábado (9), o músico Jairo Mendonça deveria se apresentar com sua banda às 22h, precedido de vários MCs e grupos de rapers da cidade e do DF.
Palco alternativo, montado para os
músicos locais se apresentarem, mas
não foi permitido que eles ali se
apresentassem. Dinheiro público gasto
a toa. Por que montar o palco então?
Foto Joaquim Dantas
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Aqui começa o festival de desrespeito que me referi anteriormente. Já na tarde do dia 9 a Administração do Gama montou um palco bem menor que o principal para que os artistas locais se apresentassem, exigência da produção da cantora Maria Gadu, que não aceitava que os músicos do Gama compartilhassem o mesmo espaço que ela, mesmo sendo em horários diferentes.
Vila do Artesão presente
Foto Joaquim Dantas
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Os primeiros questionamento que faço são: Quando se contrata um músico, as condições para ele se apresentar, inclusive as famosas exigências exóticas que eles fazem, não tem que constar no contrato, por escrito?
Se a exigência da cantora de não compartilhar o palco com músicos locais estava no contrato, por que os músicos do Gama só ficaram sabendo disso na noite do Sábado?

Se não estava no contrato, por que a Administração do Gama se rendeu a esse capricho da cantora? Por que não utilizou o argumento legal, o contrato, para não aceitar a mudança de última hora?
E o que me mais causou-me espanto foi os organizadores anunciarem este outro palco, como alternativo. Alternativo?
MC Clara Moreno
Foto Joaquim Dantas
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Por volta das 21h começou a apresentação do DJ Brother, no palco....alternativo, no momento em que começavam a chegar um maior número de pessoas. Entra em cena, na mesma apresentação os rapers A Tribo do Gueto e em seguida a MC Clara moreno. Foi aí que veio a ordem dos organizadores: parar a apresentação dos artistas locais para que os músicos de Maria Gadu pudessem "passar o som". Detalhe, anúncio feito pelo locutor oficial, totalmente sem noção.
Cogitou-se a possibilidade do Jairo e Banda apresentarem-se no Domingo (9), impossível, os organizadores alegaram que a Banda Titãs não aceitou nenhuma atração musical que não fosse a deles, Titãs.
Resultado: Mais uma vez os músicos e a população da cidade foram desprestigiados e desrespeitados pela (des)organização do FAAGAMA.
Tribo do Gueto
Foto Joaquim Dantas
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A praça não é do povo
Quando penso em espaço público, penso em um local em seja possível TODOS compartilharem em igualdade de condições.
O Palhaço Pirulito, um ícone do Gama
Foto Joaquim Dantas
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Mas os organizadores do FAAGAMA parecem não pensar da mesma forma. Digo isso porque durante todo o dia do Sábado (9) o palco principal foi ocupado por cantores da chamada música gospel. Sim, o palco principal, o mesmo que os organizadores alegaram a impossibilidade de ser compartilhado com os músicos locais, por exigência da produção de Maria Gadu.

Público de todo o DF
Foto Joaquim Dantas
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Durante todo o dia revesaram-se cantores católicos e evangélicos, cantando e fazendo pregações. Quem encerrou a participação gospel foi a igreja católica, a missa terminou as 20h.

A Dag Queen Baby de Brasília
Foto Joaquim Dantas
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Sou um crítico da religião, embora respeite os que professam sua fé mas, se o espaço é público, pago com dinheiro público, por que só uma parte do público tem direito de ocupá-lo?
O público lotou o estacionamento
do Estádio Bezerrão
Foto Joaquim Dantas
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A Administração do Gama é uma filial das igrejas cristãs? Eu não vi na programação oficial nenhuma participação das religiões de origem africana, por exemplo. Também não vi a participação das religiões de origem oriental, sequer das que se dizem espíritas. E os músicos do Gama foram colocados no mesmo saco, excluídos na cara dura.Fato que não deveria me causar espanto visto que, ano após ano, acontece a mesma coisa.

Músicos da cidade excluídos da festa
Foto Joaquim Dantas
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O Movimento é Cultural, não é estatal
Creio que passou da hora do Movimento Cultural do Gama reagrupar, se reorganizar e acumular forças. Os talentos da cidade, que não são poucos, não precisam e não merecem ser submetidos a esse tipo de tratamento desrespeitoso, ofensivo e, digo com convicção, imoral.

Mas nem tudo foi ruim.
Viva o acarajé, viva a Bahia!
Foto Joaquim Dantas
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Por ser Comunista entendo a importância que tem um governo fazer algumas alianças, em função de um "resultado maior". Eu entendo a importância, embora discorde da maioria delas mas, assim como não dá para fazer um omelete sem quebrar os ovos, não é possível assobiar e chupar cana ao mesmo tempo. O balaio de gato que virou essa aliança no GDF está mais para um pastelão do que um filme de terror. 

Ninguém se entende, cada um quer uma coisa diferente e quem perde somos nós a população, os músicos e a Cultura local.
É lamentável que tudo isso esteja acontecendo em nossa cidade, provocado por decisões equivocadas de pessoas que se mostram, por isso mesmo, despreparadas para ocupar o espaço em que se encontram.
Faço uma ressalva aqui ao guerreiro Manoel Pretto, um dos poucos na Administração do Gama que realmente tem compromisso com o Movimento Cultural. Manoel é, assim como os músicos e a população, uma vítima da inconsequência da ganância de quem está, por enquanto, no poder.
Nós resistiremos. Até a vitória, sempre!
Confira mais fotos AQUI

2 comentários:

Dayse disse...

Nossa! Embora esse tipo de "evento desavergonhado" seja "lugar comum" como já disse anteriormente, minha indignação maior vai para a " atração principal" , que esqueceu o tempo em que precisava do público, da terrinha e de eventos e palcos "solidários"...Exigências e estrelismos como o da Maria Gadu e sua banda é que descolorem a musicalidade deste país , quando depois de "famosos" esquecem que é MPB e Verde e amarelo. Quanto a questão dos cantores e apresentações gospel,o fato de ter apenas duas religiões representantes nesse Brasil de diversidade só demonstrou , que os realizadores do evento sequer poderiam estar à frente de qualquer atividade que recebesse o nome , ou proposta "cultural", pois não sabem o que tal significa. É evidente. E ao estabelecer música e apresentação gospel reportam-se para as mesmices apontadas na mídia.Acredito, que para realizar eventos que retratem a cultura, o perfil de uma cidade, de um povo que nela habita, no mínimo a administração precisaria "consultar" o mesmo ouvindo-o...Mas dessa proximidade camarada, muitos fogem.
Parabéns pela matéria. Indignação é o que nos resta.Mas calar e ceder jamais! Um abraço! Dayse

Blog do Arretadinho disse...

Muito pertinente seu comentário, Dayse. Atenta e sóbria você comenta o fato sem preconceito.
Obrigado por comentar, volte quando quiser. Um beijo.