31 de jan. de 2014

Carlinhos Brown, uma breve história

Seu nome artístico consta ser uma homenagem a James Brown e H. Rap Brown, líderes da música negra da década de 1970, ídolos do funk e da soul music. Foi iniciado na música através de Osvaldo Alves da Silva, o Mestre Pintado do Bongô. 
Seus primeiros instrumentos, que marcariam toda sua carreira e estilo musical, foram os de percussão, com aprendizado e desenvolvimento das células rítmicas provenientes dos terreiros de candomblé.

Em 1979, tocou na banda de rock Mar Revolto, em sua primeira gravação profissional. Carlinhos tornou-se um dos instrumentistas mais requisitados da Bahia no início da década de 1980. Em 1984 tocou na banda Acordes Verdes, de Luiz Caldas. 

Foi um dos criadores do samba-reggae e, em 1989, fez parte da banda de Caetano Veloso no disco Estrangeiro. Nesta participação, sua composição "Meia Lua Inteira" fez muito sucesso no Brasil e no exterior. Ainda em 1985 a musica “Visão de Cíclope”, composição de Carlinhos Brown em parceria com Luiz Caldas e Jeferson, tornou-se um dos sucessos mais tocados nas estações de rádio de Salvador.

Em seguida, surgiram “Remexer”, “O Côco” e “É Difícil”, composições suas interpretadas por outros artistas, que lhe renderam o troféu Caymmi, um dos mais importantes da música baiana. Participou também de turnês mundiais com João Gilberto, Djavan e João Bosco.

Na década de 1990, projetou-se nacional e internacionalmente como líder do grupo Timbalada. Este grupo reuniu mais de cem percussionistas e cantores, chamados de "timbaleiros", a maioria jovens pobres do bairro do Candeal, onde nasceu o compositor. 

Atualmente, não toca mais regularmente com esta banda, mas Brown continua a ser o mentor e produtor do grupo, em todos os catorze álbuns que a banda lançou até hoje. Em 1993, o álbum homônimo na banda foi indicado pela revista Billboard como "o melhor CD produzido na América Latina".

Em 2001, teve uma participação muito polêmica no Rock in Rio, quando foi alvo de garrafadas, pedradas e xingamentos.

O incidente ocorreu pelo fato de ele ter seu show programado justamente no "Dia do Rock", que reuniu Guns N' Roses, Ira! e Ultraje a Rigor, Oasis, entre outras bandas. Mesmo depois de levantar uma pequena bandeira que um espectador lhe deu - onde lia-se "Paz no Mundo" - e dito frases como "eu sou do amor", "eu só jogo amor", a chuva de garrafas e o apredejamento não cessou até o artista e sua banda serem expulsos do palco. Acontecimento semelhante ao infeliz episódio protagonizado por Lobão, o qual, em circunstâncias parecidas, foi também alvo de garrafas atiradas pelo público.

Após o sucesso da Timbalada, começou sua carreira solo oficial em 1996, com o lançamento do disco "Alfagamabetizado". Recentemente, o álbum entrou para a lista do livro "1001 discos para ouvir antes de morrer", que reúne opiniões de noventa críticos reconhecidos internacionalmente.
Com Marisa Monte e com Arnaldo Antunes, lançou em 2002 o projeto Tribalistas. 

O trabalho coletivo lançou CD e DVD, arrebatou prêmios e alcançou a marca de mais de 1 000 000 de discos vendidos.

Desde o lançamento de seu primeiro CD solo, Brown contabiliza cinco trabalhos, sendo o mais recente lançado em 2007. Intitulado “A Gente Ainda Não Sonhou”, o disco é totalmente produzido e quase todo tocado por Brown. Atualmente, o músico se divide entre a carreira internacional, que tem uma base sólida principalmente na Europa, seus projetos sociais no bairro do Candeal Pequeno, em Salvador, além dos projetos culturais, shows, produção de discos e trilhas para espetáculos de dança, filmes, dentre outras produções.

Recentemente, lançou o single Earth Mother Water: um apelo pela preservação do planeta. O videoclipe da música foi dirigido por Gualter Pupo e Valter Kubrusly e faz parte de manifestações contra o consumo irresponsável dos recursos naturais.

Em 2012, passa a ser jurado do The Voice Brasil ao lado de Claudia Leitte, Daniel e Lulu Santos.

Compositor
Já em 1985, Carlinhos Brown havia alcançado a marca de 26 músicas de sua autoria tocando simultaneamente nas rádios de Salvador. Essa performance previa a consagração como compositor que veio em 2008, quando Carlinhos Brown foi considerado, pelo ranking do ECAD, o segundo maior arrecadador de direitos autorais em shows do país, atrás apenas de Chico Buarque.

Extremamente ligado à cultura afro-brasileira e ao carnaval da Bahia, ém dos grandes fornecedores de matéria-prima para os intérpretes dos trios elétricos. Diversas músicas suas foram campeãs do carnaval de Salvador, com destaque para “Dandalunda”, com interpretação de Margareth Menezes, “Rapunzel”, gravada por Daniela Mercury e "Cadê Dalila", interpretada por Ivete Sangalo.

Mas a obra de Brown encantou diversos outros artistas da Música Popular Brasileira, que registraram em seus álbuns canções compostas pelo baiano. Dentre eles, estão alguns nomes da mais fina flor da MPB. Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Marisa Monte, Nando Reis, Cássia Eller, Herbert Vianna e mesmo a banda de heavy metal Sepultura são alguns dos que contam com composições de Brown em seus trabalhos.É casado com Helena Buarque filha de Chico Buarque e Marieta Severo e tem quatro filhos.
Em 2012, concorreu ao Óscar com a cañção "Real in Rio", fruto de uma parceria com Sergio Mendes.

Agitador cultural
Carlinhos Brown foi responsável pela criação de vários grupos musicais além da Timbalada. Por exemplo: “Vai Quem Vem”, que participou do CD “Brasileiro”, de Sérgio Mendes; a Bolacha Maria, grupo percussivo formado apenas por mulheres; Lactomia, que reunia crianças carentes do Candeal que produziam seus próprios instrumentos com material reciclado; além da Timbalada e, mais recentemente, o Hip Hop Roots que, orientados por Brown, reinventam a forma de tocar o surdo, e o Candombless, grupo que reúne altas patentes do candomblé e músicos populares, misturando os sons dos terreiros com as músicas popular e eletrônica.

Além dos grupos musicais, Brown também é responsável pela criação de outros projetos e empreendimentos na área cultural. 

Dentre eles, destaca-se o Museu du Ritmo. Em 2007, Brown arrendou o casarão do antigo Mercado do Ouro, no bairro do Comércio, em Salvador, com o objetivo de transformá-lo em um centro cultural e um museu de artes. Hoje, o local abriga grandes eventos e já possui um acervo com importantes obras, inclusive telas do próprio Brown. 

O projeto do Museu du Ritmo pretende transformá-lo num centro de cultura que deve incluir também uma escola de inclusão digital que beneficiará as comunidades circunvizinhas. 

Além de tudo isso, a partir de 2009, o Museu vai abrigar o primeiro centro de música negra do mundo, em parceria com o Governo do Estado da Bahia e a empresa francesa Mondomix, como parte das comemorações pelo ano da França no Brasil.

Um dos eventos que acontece no Museu du Ritmo é o Sarau du Brown. Desde 2006, durante o verão de Salvador, Brown reúne diversas formas de arte como música, poesia, teatro, artes plásticas, além de um desfile de moda, tudo acontecendo no mesmo local, trazendo, assim, um novo conceito para os ensaios de verão, tradicionais na capital baiana. 

As noites do Sarau são encerradas sempre com um show de Brown e convidados especiais. Em 2007, passaram pelo palco do Sarau artistas como Caetano Veloso, Cláudia Leitte, Larissa Luz, Margareth Menezes, o angolano Dog Murras, além da única apresentação pública dos Tribalistas, com as presenças de Arnaldo Antunes e Marisa Monte.

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