19 de fev. de 2015

Entenda como funciona o julgamento das escolas de samba

Bateria, samba-enredo, harmonia, alegorias e adereços, fantasia, e o casal de mestre-sala e porta-bandeira são quesitos de julgamento
Dez! A nota é dez! O clima tenso na hora de abrir os envelopes e anunciar, nota por nota, cada quesito das escolas de samba na Quarta-Feira de Cinzas envolve o trabalho criterioso de 36 julgadores, que são previamente treinados pela Liga Independente das Escola de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) e se comprometem a manter o sigilo sobre as notas.

De acordo com a Liesa, eles são indicados pessoalmente pelo presidente da liga e todos ficam nas cabines de julgamento, sem contato com outras pessoas, onde permanecem durante todo o desfile, nos dois dias, e não podem fazer uso de telefone, rádio ou televisão. São quatro cabines, cada uma com um juiz para cada quesito.

Cada juiz fica encarregado de apenas um quesito e não pode dar a sua nota influenciado por outras partes do desfile. Por ser um julgamento de expressões artísticas, o trabalho é subjetivo, porém deve ser isento de emoções e manter o distanciamento crítico, inclusive das reações do público e de comentaristas.

As notas variam de 9 a 10, de forma decimal e caso não seja 10, é preciso justificar por escrito, inclusive a aplicação de penalização prevista no regulamento que implica na perda de décimos.

Ao término do último desfile, na madrugada de terça-feira, as notas são lacradas e entregues à Liesa. Na hora da apuração, na Quarta-Feira de Cinzas, a menor nota de cada quesito é excluída, ou seja, dos quatro julgadores, três notas entram na contagem.

Para o quesito Bateria são levados em conta a manutenção e sustentação da cadência com o samba-enredo, a “perfeita conjugação de sons” dos instrumentos, a criatividade e a versatilidade. Devem ser desconsideradas eventuais panes no sistema de som, a utilização de instrumentos de sopro ou a não parada nos recuos, que não são obrigatórias.

No quesito Samba-Enredo são avaliadas a letra e a melodia, levando em conta a riqueza poética, a beleza e o bom gosto, além da capacidade da harmonia musical facilitar o canto e a dança dos componentes.

O quesito Harmonia analisa o entrosamento entre o ritmo e o canto, considerando a igualdade do canto pelos componentes em consonância com o puxador e a manutenção da tonalidade.

A Evolução é a progressão da dança de acordo com o ritmo do samba executado pela bateria. O julgador deve analisar a fluência da escola na avenida e a espontaneidade, criatividade e empolgação dos componentes, penalizando atrasos, retrocessos, correria e buracos desnecessários entre as alas.

O Enredo é a criação e apresentação artística do tema ou conceito escolhido pela escola de samba. O julgador deve analisar a capacidade de compreensão do tema proposto com as fantasias e alegorias levadas à avenida, bem como a criatividade e sequência da apresentação.

O quesito Alegorias e Adereços engloba os elementos cenográficos sobre rodas ou não, que devem ser julgados de acordo com a concepção e adequação ao tema, bem como a criatividade, impressão causada e o acabamento e cuidado na confecção e decoração. Nesse quesito também são avaliados os destaques e componentes que estejam nos carros alegóricos.

O quesito Fantasia julga a adequação dos vestuários dos componentes ao tema proposto para cada ala, bem como a uniformidade dos detalhes entre os componentes.

A Comissão de Frente é julgada de acordo com a concepção e a capacidade de causar impacto em sua função de saudar o público e apresentar a escola na avenida, levando em conta a coordenação, o sincronismo e a criatividade. É obrigatória a apresentação em frente às cabines de julgamento.

O último quesito é o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira. É avaliada a adequação da roupa para a dança, bem como a beleza e o bom gosto. A dança não deve ser o samba e sim um bailado no ritmo do samba, com graça, leveza e harmonia entre o casal.

Fonte: Agência Brasil

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