Nota de repúdio às agressões contra a deputada federal Jandira Feghali
Em meu terceiro mandato tendo a honra e a responsabilidade de representar o povo cearense na Câmara dos Deputados e em mais de 30 anos de atuação parlamentar, nunca presenciei episódio semelhante ao registrado nesta quarta-feira, (6/5/2015) no plenário da Câmara Federal, tendo por vítima minha colega e líder da bancada do PCdoB, a valorosa e destemida deputada federal Jandira Feghali, do PCdoB-RJ.
As agressões, os insultos e as ironias desferidos contra a deputada não só exemplificam tristemente o clima que o Poder Legislativo tem vivido, nestes primeiros meses de 2015 em que uma onda conservadora e reacionária tenta se levantar sobre o Brasil, mas demonstram o quanto ainda temos que caminhar, como sociedade, para garantir que práticas repulsivas e condenáveis sejam definitivamente deixadas para trás, como lembranças de uma história que, felizmente, mudou para melhor.
Os atos de violência denunciados pela deputada Jandira Feghali, causados por colegas de parlamento que deveriam ser os primeiros a dar à população o exemplo de travar a luta política no plano das ideias e da democracia, não da violência, merecem repúdio por parte de toda a sociedade.
Não, caros colegas deputados, "mulher que bate como homem” não deve “apanhar como homem”, como chegou a ser dito nesta quarta-feira, no contexto das agressões, entre expressões infelizes e reveladoras de preconceito e pobreza de espírito. Quem bate em quem quer que seja tem que ser responsabilizado, dentro do rigor da lei. Os legisladores deveriam ser os primeiros a saber disso, mais ainda após a vigência da Lei Maria da Penha, necessária para proteger as mulheres brasileiras – sejam elas deputadas ou operárias, lideranças políticas ou donas de casa, líderes de bancada ou chefes de família.
Prestamos nossa solidariedade à deputada Jandira Feghali e a todas as mulheres brasileiras que, anonimamente e muitas vezes contidas pelo medo e pela pressão social, enfrentam agressões de variados tipos. Que todas se conscientizem, cada vez mais, que é preciso e que vale a pena lutar, do modo certo, pelo fim dessas práticas inaceitáveis. Exigimos dos órgãos competentes e da Câmara dos Deputados a apuração rápida e efetiva dos fatos, com a devida responsabilização de quem, em pleno século XXI, ainda leva o preconceito e o machismo de casa para a praça – e para o plenário.
Deputado Chico Lopes
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