23 de mar. de 2016

Cardeal Braz de Aviz: o povo é o “salvador” de sua pátria

Cidade do Vaticano (RV) – Com o início da Semana Santa, o Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Cardeal João Braz de Aviz, recebeu a Rádio Vaticano para gravar a sua tradicional mensagem de Páscoa aos nossos ouvintes.

Também pedimos a Dom João que indicasse uma estrada para que os fiéis vivam a Semana Santa no contexto da crise no Brasil. “Messianismos não servem”, afirmou o Cardeal brasileiro.

Dom João Braz de Aviz: “Eu tenho consciência, como brasileiro, de pertencer a uma nação muito grande. Claro, ela está inserida no contexto de todas as outras nações. Não somos maiores que os outros, mas somos uma grande nação, não só pelo território: é a questão do gênio brasileiro também, da formação do nosso povo que é tão rica de culturas, de história. E, também, de limites enormes que nós ainda estamos aprendendo a caminhar. A democracia, nós já experimentamos um pouco, mas não foi ainda assim muito, então somo jovens na nossa democracia”.

Momento histórico
“A meu ver, diante dos fatos, da crise politica e econômica, da crise institucional que nós estamos vivendo, eu acho que este momento de hoje no Brasil é um dos mais importantes que existe na nossa história. Eu estou admirado pelo modo como nosso povo está reagindo nas ruas, que é extraordinário. Isto é, sair para a rua, manifestar a sua própria posição e respeitar a posição do outro também e, ao mesmo tempo, manifestar claramente o que a gente pensa nesta atitude da construção da história de um povo. Fico feliz de ver que, finalmente, parece que nós demos uma ‘via livre’, uma entrada mais forte à verdade, à autenticidade, e também nós queremos sair deste inferno verdadeiro que é a corrupção”.

Corrupção
“Uma corrupção que entrou como se fosse um destes animais fortes, que pegou tudo. E, sobretudo, que se instalou profundamente na classe dirigente do país. Isso nos deixa muito... claro, a corrupção também está no pequeno, em nossos gestos de cada dia, mas uma corrupção deste tamanho que rompeu tudo, praticamente, e que pôs tudo a perder, isto realmente não serve para nós”.

Mudança
“A questão da mudança depende de todos, temos que todos nós fazer uma mudança, e ela é possível. Messianismos não servem. ‘Eu sou o salvador’. Não, o povo é o salvador da sua pátria. A atitude de excluir pessoas, dizer: vocês fazem parte de uma outra mentalidade, também não serve. Temos que ir achando as razões que movem cada um nos pontos contrários para poder achar uma história comum. Esta história comum existe! As instituições precisam ser respeitadas, mas nós precisamos também sair da corrupção. Quem sabe esta Semana Santa vai nos dar esta chance”. (sp/rb)



(from Vatican Radio)

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