Agência Câmara |
Eduardo Cunha acabou abandonado no Plenário da Câmara dos Deputados.
Por 450 votos a 10, o ex-presidente da Casa foi cassado, encerrando um ciclo de retrocessos legislativos. A queda de um dos homens mais maquiavélicos da República também representa o início de uma nova fase de resistência e luta no Parlamento.
Por Daniel Almeida*
no Portal Vermelho
A derrota de Cunha, comandante do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, gerou fraturas incuráveis na base do governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB). O vice-presidente da República só conseguiu usurpar o poder porque o então presidente da Câmara lançou mão de todo tipo de manobra espúria para condenar Dilma por crime de responsabilidade, mesmo sem existir justificativa jurídica.
Após muitas tentativas de salvar o aliado, o presidente golpista foi obrigado a abandonar o colega. É imprevisível qual será a resposta de Cunha a essa deslealdade presidencial. Ele sai de cena, mas continua presente com suas chantagens. O DNA dessa gestão tem a marca de Cunha. O atual líder do governo na Câmara, o deputado André Moura (PSC-SE), é uma figura construída e sustentada por ele, o que gera grande fragilidade política ao Palácio do Planalto.
A votação do Projeto de Lei (PL) 4567/16, do senador José Serra (PSDB-SP), que acaba com a exclusividade da Petrobras na exploração dos campos do pré-sal, foi adiada para outubro. A discussão da matéria, grave ameaça à soberania nacional, só foi postergada porque o governo golpista não teria força para aprovar o tema neste momento delicado.
É hora de reforçarmos a mobilização nas redes, nas ruas e no Congresso. Passadas as eleições municipais de outubro, Temer retomará a ofensiva para enxugar conquistas sociais e trabalhistas. Os brasileiros já mostraram de forma contundente, nas últimas manifestações, que não aceitam a imposição de uma agenda neoliberal, derrotada nas urnas em 2014.
Esperamos que a cassação de Cunha realmente seja uma página virada da história brasileira. Que possamos retomar o funcionamento mais normal possível da Câmara, sem atropelos regimentais. A Câmara deve voltar urgentemente a ser a casa do povo, ouvindo a população e tendo como prioridade máxima os interesses nacionais. Cada vez mais vamos bradar: Fora Temer!
*É deputado federal pelo PCdoB da Bahia e líder do Partido na Câmara
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